sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

ORAÇÃO PARA A FLUIDIFICAÇÃO DA ÁGUA


ORAÇÃO PARA A FLUIDIFICAÇÃO DA ÁGUA  

Peço a Deus, o Princípio Onipresente, Onisciente e Onipotente, e ao Cristo Planetário, forças para as Legiões Angélicas ou Mensageiras, para que possam lutar contra o Mal, em qualquer forma que se apresente, e vencê-lo.
Como não existe merecimento, fora do respeito à Verdade, ao Amor e à Virtude, prometo aplicar esforços no sentido de viver a Lei de Deus, compreender e imitar o Verbo Exemplar e cultivar nobremente os Dons do Espírito Santo, Carismas ou Mediunidades, sem os quais não pode haver a Consoladora Revelação.
Rogo a Deus, que enviou o Verbo Modelo, para entregar o Glorioso Pentecostes, ou Derrame de Dons Mediúnicos para toda a carne, para que a Humanidade tenha realmente dignos medianeiros, que dêem de graça o de graça recebido, nutrindo verdadeiro respeito à Doutrina do Caminho.
Como encarnado, sujeito a necessidades, doenças, dores, aflições, e também sujeito à morte física e responsabilidade perante a Justiça Divina, rogo o dom do bom discernimento espiritual, assim como rogo, para o corpo, as energias e os fluídos a serem depositados nesta água.
E como quem tanto necessita e roga, reconhecido agradeço a Deus, às Legiões Angélicas e Socorristas e ao meu Espírito Guia ou Anjo

Conduta Espírita na Via Pública


Conduta Espírita na Via Pública

Demonstrar, com exemplos, que o espírita é cristão em qualquer local.

A Vinha do Senhor é o mundo inteiro.

Colaborar na higiene das vias públicas, não atirando detritos nas calçadas e nas sarjetas.
As pessoas de bons costumes se revelam nos menores atos.

Consagrar os direitos alheios, usando cordialidade e brandura com todo transeunte, seja ele quem for.

O culto da caridade não exige circunstâncias especiais.

Cumprimentar com serenidade e alegria as pessoas que convivem conosco, inspirando-lhes confiança.

A saudação fraterna é cartão de paz.

Exteriorizar gentileza e compreensão para com todos, prestando de boamente informações aos que se interessem por elas, auxiliando as crianças, os enfermos e as pessoas fatigadas em meio ao trânsito público, nesse ou naquele mister.

Alguns instantes de solidariedade semeiam simpatia e júbilo para sempre.

Coibir-se de provocar alarido na multidão, através de gritos ou brincadeiras inconvenientes, mantendo silêncio e respeito, junto às residências particulares, e justa veneração diante dos hospitais e das escolas, dos templos e dos presídios.

A elegância moral é o selo vivo da educação.

Abolir o divertimento impiedoso com os mutilados, com os enfermos mentais, com os mendigos e com os animais que nos surjam à frente.

Os menos felizes são credores de maior compaixão.

Proteger, com desvelo, caminhos e jardins, monumentos e pisos, árvores e demais recursos de beleza e conforto, dos lugares onde estiver.

O logradouro público é salão de visita para toda a comunidade.

“Vede prudentemente como andais.” - Paulo. (Efésios, 5:15.)

André Luiz;
Waldo Vieira;
Do livro: Conduta Espírita.

Gotas no oceano- Bezerra de Menezes

Nenhum servo pode servir a dois senhores (...). Jesus.

            Somos únicos, único ser, unida vida, temos um único Senhor, Deus. Ele criador de tudo o que existe e o que somos. O que nos é designado vem oriundo da sua vontade a nos salvar diante do caldeirão arrebatador do mal, que ferve preste a nos consumir nos piores alimentos dos servos do mal que se esbalda com nossas fraquezas.

            Jamais devemos se fazer alimento do mal, temperados com todas as substancias que exalam o pior da vida, que são os preconceitos, o rancor, o ódio e todas as substancias que fartam o mal com as nossas ofertas malignas. O mal deseja nos consumir com toda ferocidade e designa os famintos e fracos a nos consumir o melhor da oferta. Quando abrimos nossa guarda e afastamos das bênçãos de Deus sobre nossa fronte, permitimos que os servos do maligno nos consumam com tamanha gula, quando perderemos o melhor de nossa essência e nos tornemos impuros em todas as nossas condições.

            Quando somos transportados à volta ao planeta, viemos por um pai e por uma mãe, podemos ao longo da existência adotar outros irmãos que possam igualar o carinho, o amor e a dedicação de um pai e de uma mãe que carregam em seu ventre, mas o caminho somente é feito por uma única via. Pode haver a separação por diversas consequências e situações, mas somos frutos de uma unidade.

            Temos uma única vida, um único dia para se fazer muito melhor que o anterior e temos um único objetivo, o Reino de Deus em nossa vida mesmo comungado com outros irmãos, somos individuais e carregamos dentro de nosso santuário diversas experiências que nos acompanharão para sempre. As experiências início e fim acompanham um meio de diversas situações, como no comportamento e nas ações e mesmo nos sentimentos que adquirimos e exteriorizamos frente aos nossos irmãos. O inicio a graça de Deus, o meio tudo que conquistamos as amarras vencidas, os pecados aniquilados, os preconceitos extirparmos, o final, a graça de Deus por compreender a todos que nos cercam, principalmente em suas inúmeras fraquezas e pecados. Para fazer livres de todos os pecados, iniciemos compreendo nossos irmãos mais próximos.

            Somos uma gota que desagua em meio ao oceano, a primeira vista pode-se parecer insignificante frente a nossa consciência consumidora, mas esta gota desaguada no oceano proporcionara que fazer parte desta grandeza, assim é a benção e a vida em Deus, somos a gota e ele o oceano, quando permitimos fazer parte desta vastidão, caindo sobre sua realidade, seremos a unidade nele e a importância de se fazer únicos em Deus, é a certeza que podemos contar com sua infinita proteção e amor, não sendo permitido que o mal nos encontre em meio à imensa proteção.

Quando escolhemos desaguar nas areias longe dos mares, permitimos ser consumidos pela árida paisagem seca e sem nenhuma perspectiva de vida eterna, ao qual será preciso a onda de compaixão passar e carregar-nos para a vida em Cristo, que é o grande navegador destas águas que vem até nós para resgatar e fazer parte deste infinito e único oceano, Deus.

Aproveitem sempre a oportunidade de desaguar no amor divino, não desvie seu curso, não se aventure por filetes que nos apresentam como atalhos, pois estes não conseguem desaguar em Deus, os filetes de água vêm para perder o nosso curso e secar nossa vida, ao contrario do oceano, que quando temos a graça de encontra-lo, não havemos de temer, por que o Senhor será nosso capitão, que jamais abandonará seus marujos e o mais importante, para fazer parte da embarcação divina, nada mais importará do que o melhor de você, o coração, nenhuma religião, nenhuma fortuna, nenhuma diferença importará, simplesmente aonde somos todos iguais.

Dr. Bezerra de Menezes.


quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

O Medo da Rejeição -

Todos querem ser diferentes.
Depois que a fama virou moda, ninguém mais quer ser um rosto anônimo em meio à multidão.
E os reality shows e as redes sociais suprem em parte esse "Complexo de Deuses" que se instalou na mente das pessoas da época contemporânea.
Mas ser diferente não basta, tem que ser diferente na medida!
Nem tão pouco que não tenha graça, e tenha poucos fãs, e nem tanto que meta medo, e tenha poucos fãs.
É o velho instinto de manada dando as caras aí.
Todos carregamos um desejo incontrolável de pertencimento. Precisamos fazer parte de algum aglomerado com características comuns.
É uma necessidade tão grande de fazer parte de uma tribo, que eu posso dizer que o medo de ser rejeitado, de não estar incluído, é o motor que move o mundo.
Você pode dizer que é o dinheiro, o poder, a busca pela felicidade. Tudo isso é verdade... mas a felicidade está na razão inversa da rejeição para a grande maioria dos seres humanos.
Por isso, tudo faz-se para sentir-se incluído: Mata-se, rouba-se, droga-se, engana-se, trai-se.
A rejeição é algo tão intrínseco ao modo de ser da atualidade que não há quem não a tenha experimentado, pois ela se mostra através dos mais variados tipos de preconceitos. E os preconceitos estão presentes em todos os relacionamentos onde haja pouco ou nenhum amor.
Parece ridículo que, num mundo onde nenhum país é autossuficiente e a menor das crises num continente distante afete até o conserto do seu computador, as pessoas sintam tanto prazer em se rejeitarem umas às outras. Gerando inúmeras patologias da alma e distúrbios de personalidade em todos os envolvidos no processo.
Mas calma! Tem campanhas pedindo pra sermos mais tolerantes... só que ninguém diz COMO!!!!
Mas alguém já nos disse... há milênios Sócrates sabia que o conhecer-se a si mesmo era a chave para ser o mais feliz que se pode ser sobre a face desta Terra.
O mundo do futuro será das pessoas cooperativas e não das pessoas competitivas, afinal...
A vida é como uma corrida em que você só ganha se todos ganharem.
Pense nisso!
 

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

SOB O IMPÉRIO DE MOMO A “CARNIS” COBIÇA "VALLES" - É CARNAVAL!

SOB O IMPÉRIO DE MOMO A “CARNIS” COBIÇA "VALLES" - É CARNAVAL! 




                     
A cada ano pessoas mergulham numa falsa felicidade de 3 dias de “folia” (1) seguida de 362 dias de novas e reconstruídas aflições. Será lícito confundir “diversão” passageira com alegria real? O carnaval é um desses delírios coletivos que costumam ser classificados como “extravasadores de energias reprimidas” – será mesmo? Em verdade o entrudo (2) representa o momento em que pessoas projetam o que há de mais irracional e de mais incivilizado em si mesmas.
Há quem afirme ser o período do carnaval marcado pelo "adeus à carne", ou do latim "carne vale", dando origem à palavra. Embora não haja unanimidade entre os estudiosos, a terminologia pode estar associada à ideia de encanto dos prazeres do corpo (carnal) marcado pela expressão "carnis valles", sendo que "carnis" em latim significa carne e "valles" significa prazeres.
Já foi no passado a comemoração dos povos guerreiros, festejando vitórias; foi reverência coletiva ao deus Dionísio, na Grécia clássica (bacanália); na velha Roma imolava-se nessas ocasiões uma vítima humana (saturnália); na Idade Média era uma comemoração adotada pela Igreja romana, no século VI. Isso nos remete ao início do período da quaresma, uma pausa de 40 dias nos excessos cometidos durante o ano (mormente alimentação). (3) Assim, em sua origem não era apenas um período de reflexão espiritual, como também uma época de privação de certos alimentos como a carne.
Em Roma, em homenagem ao Deus Saturno, carros alegóricos (a cavalo) desfilavam com homens e mulheres. Eram os carrum navalis. O termo carnaval pode derivar das iniciais da frase: “carne nada vale”. Outra interpretação para a etimologia da palavra é a de que esta derive de currus navalis, expressão anterior ao Cristianismo e que significa carro naval. (4)
Há muitos séculos o carnaval era marcado por grandes festas, em que se comia, bebia e participava de frenéticas celebrações e busca incessante dos prazeres. (5) Prolongava-se por sete dias (de dezembro) nas ruas, praças e casas da antiga Roma. Todas as atividades e negócios eram suspensos nesse período; os escravos ganhavam liberdade temporária para fazer o que quisessem e as restrições morais eram relaxadas. Um rei era eleito por brincadeira e comandava o cortejo pelas ruas (saturnalicius princeps).
O carnaval atual é modelado na sociedade da corte (vitoriana) do século XIX. A cidade de Paris foi o principal modelo exportador da homenagem a Momo para o mundo. Cidades como Nice, Nova Orleans, Toronto e Rio de Janeiro se inspirariam no carnaval parisiense para implantar suas novas festas carnavalescas.
Um fato é incontestável: a cultura do carnaval estabelece tudo o que aguça o primarismo humano, volúpia, sensualidade e prazer. Não propomos quaisquer normas proibitivas ou restrição de anseios pessoais. Até porque temos o livre arbítrio, e viver na Terra é fazer as escolhas pessoais. Sem medo de correr o risco de ser taxado de moralista, lembro que a Lei de Causa e Efeito preconiza a obrigatoriedade da colheita em tudo o que foi semeado livremente.
Para todas as situações da vida, lembremos sempre da recomendação de Paulo de Tarso: “Todas as coisas me são lícitas”. (6) Há os que julgam que a participação nas festas de Momo nenhum mal acarreta à integridade fisiopsicoespiritual. Divergimos desse ponto de vista.
A Doutrina Espírita nada proíbe, nem nada obriga, nem censura o carnaval; mas igualmente, não endossa sua realização. Sabe-se que durante a folia de Momo são perpetrados abusos de todos os tipos e, mormente, desregramentos da carga erótica de adolescentes, jovens, adultos e até velhos (mal resolvidos); há consumo exagerado de álcool e outras drogas, instalação da bestialidade generalizada, excessos esses que atraem espíritos vinculados ao deletério parasitismo magnético, semelhantes às hienas diante de carcaças deterioradas (carniças).
É verdade! A Doutrina Espírita nem apoia nem condena o carnaval; todavia clarifica muitos aspectos ligados ao evento. Inobstante não dite regras coercitivas, cremos que o espírita deve ter completa ciência das implicações infelizes advindas desses festejos alucinantes. Logicamente não precisa se condenar o carnaval, nem temer por acreditá-lo uma festa “diabólica”; não precisa evadir-se por receio de atração dos seus “encantos”, porém vigiar à distância da agitação. Se se aprecia o folguedo de Momo, deve-se ser um observador atento e equilibrado.



Referências:
(1) Do francês folle, que significa loucura ou extravagância sem que tenha existido perda da razão
(2) O entrudo chegou ao Brasil por volta do século XVII e foi influenciado pelas festas carnavalescas que aconteciam na Europa. Em países como Itália e França, o carnaval ocorria em formas de desfiles urbanos, onde os carnavalescos usavam máscaras e fantasias.
(3) Excessos esses que incluem, segundo a crença da igreja romana, a alimentação
(4) Esta interpretação baseia-se nas diversões próprias do começo da Primavera, com cortejos marítimos ou carros alegóricos em forma de barco, tanto na Grécia como em Roma e, posteriormente, entre os teutões (povos germânicos que viveram no centro e norte da Europa).
(5) A Festa do deus Líber em Roma; a Festa dos Asnos que acontecia na igreja de Ruan no dia de Natal e na cidade de Beauvais no dia 14 de janeiro, entre outras inúmeras festas populares em todo o mundo e em todos tempos, têm esta mesma função.
(6) I Coríntios 10:23
(7) Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, questão 460, RJ: Ed FEB, 1990
(8) Xavier, Francisco Cândido e Vieira Waldo. Conduta Espírita, ditado pelo espírito André Luiz, RJ: Ed. FEB, 1999


Nós Não Somos Lixo – Uma Crônica Sobre

Nós Não Somos Lixo – Uma Crônica Sobre
Relacionamentos Descartáveis...
 
- Sou de uma geração em que as pessoas consertam as coisas ao invés de simplesmente jogar fora.
Disse ele parado ali, completamente estarrecido pela brisa fria da porta enquanto ela se preparava para fechar definitivamente os trincos e deixar um capítulo inteiro da sua vida para trás. Os olhos marejados de angústia e abandono não sabiam mentir o passado de brigas, mágoas e tormentas. É que às vezes a gente machuca o outro mesmo sem saber, assim, nas pequenas indelicadezas do cotidiano. Quando se vê, a embarcação já está avariada demais para continuar a travessia. Os pedaços se desconstroem ali mesmo, numa imensidão de sentimentos, palavras e reticências. E como é fácil abandonar os destroços daquilo que um dia fez viagens tão extraordinárias. O desamparo hoje vive lado a lado com a solidão. Em uma sociedade carente de cuidados, os relacionamentos muitas vezes são tratados como objeto descartável e jogados no lixo com a mesma facilidade com que se despreza uma folha de papel rabiscada.
Manter uma dança a dois é quase tão difícil quanto encontrar alguém para subir ao palco. Se tudo fossem flores se chamaria jardim e não relacionamento. Confesso achar extremamente complicado essa história de colocar alguém com uma trajetória de vida, criação e valores completamente diferentes dos nossos dentro das páginas do nosso livro. A gente veio por um caminho e o outro por uma trilha completamente diferente, sendo assim, é mais do que esperado que ambos se comportem de formas distintas frente a possíveis contratempos. Pela falta de tato em compreender as andanças do outro, surgem as brigas e discussões que instigam um dos dois a abandonar o navio mais cedo. É tão comum a gente jogar tudo para o alto por tão pouco. Tanto sentimento bonito que demorou deliciosos parágrafos para ser construído. Uma divergência de opiniões, um desacordo momentâneo, verde ou rosa, calabresa ou quatro queijos, Paris ou São Paulo, direita ou esquerda, norte ou sul, passado ou futuro. Tudo, dos mínimos aos maiores percalços, quando a relação não está bem consolidada, parece ser motivo de renúncia. É muito mais fácil terminar uma parceria que não está dando certo do que simplesmente tentar acertar os pontos de discordância para que o “tique-taque” do relógio seja encantadoramente o mesmo. No mundo da facilidade, quando algo se quebra, na medida do possível, se troca por outro. Premissa que infelizmente desancora muitos romances por aí.
De fato, à primeira vista, pode parecer muito mais fácil ficar à deriva. Afinal de contas o mar está abarrotado de peixes. Mas se a cada turbulência for necessário recomeçar o fluxo de novo e de novo e de novo, a terra nunca será vista. Imagine os grandes navegadores voltando ao porto na primeira turbulência. Embarcar no caminho do outro também faz parte de uma viagem duradoura. Descompassos sempre existirão aqui, ali ou acolá. O que importa mesmo é o quanto de você está de fato entregue nesta parceria, e só. Caso contrário, é apenas um círculo vicioso de troca de protagonistas. Não existem relacionamentos, pessoas ou momentos perfeitos. O que existem são pessoas realmente dispostas a velejar não importa as condições do tempo. O amor é um vento poderoso. Quando a gente deixa, quando o coração tá cheinho de permissividade ele consegue ser brisa, ventania e furacão na proporção certa, só direcionar as velas que o amor faz o resto.
Relacionamento exige muito mais que disposição, demanda constância e perseverança. Uma vez que os rumos da embarcação são estabelecidos, na grande maioria das vezes uma boa conversa e respirar (bem fundo) são capazes de fazer milagres. Não é porque sua xícara preferida lascou que ela perdeu todo o simbolismo afetivo ou o aroma doce do café da sua mãe. Vai dizer que a comida da vovó na panela que mal se aguenta no fogão não é muito melhor do que muita massa de restaurante requintado?!
Se não tem jeito mesmo, pule da prancha e continue a nadar. Mas se ainda resta um pontinho que seja de vontade e bem querer, reparar as arestas, por mais complexo que possa parecer, pode ser muito mais prazeroso e recompensador do que começar o jogo do amor do zero. Um brinde aos recomeços e outro tintilar de taças ainda maior para as permanências.
Saiu pela porta porque o livre arbítrio a permitia. Voltou, porque sabia que alguém a esperava pacientemente segurando as chaves deixadas impetuosamente para trás.
- Trouxe a cola – disse ela.
E um coração novinho em folha também.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Mau humor é doença?


Mau humor é doença?
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Há pessoas que se comprazem em cultivar o mau humor.
O mau humor torna-se uma característica da personalidade dessas pessoas.
Essas pessoas querem se impor aos outros com sua rispidez, 
prepotência e antipatia, pensando que agindo assim conseguirão 
o respeito e o temor daqueles que com elas convivem. 
Essas pessoas não percebem que acabam sendo vítimas do seu mau humor, 
pois além de atraírem para si tudo o que é negativo, 
vivem doentes física e psiquicamente. 
Sentem dores por todo o corpo, o fígado funciona mal, 
a digestão é péssima, têm dores de cabeça terríveis, 
além de uma baixa imunidade, estando sujeitas a várias doenças e infecções. 
Geralmente são solitárias também, pois afastam todos de perto de si.
Pergunta-se: Será que queremos uma vida assim para nós? 
Queremos saúde ou doença? Alegria ou tristeza?
Cremos que qualquer pessoa em sã consciência não deseja viver 
os tormentos da falta de saúde e do prazer de conviver bem com os outros.
Assim, devemos mudar nossa atitude diante da vida, de nós e dos outros.
Busquemos agir e ter pensamentos voltados para a paz, alegria, 
confiança, amizade, solidariedade. 
Sejamos simpáticos para com o próximo, usando sempre da empatia, 
ou seja, coloquemo-nos no lugar do outro e façamos ao próximo 
o que gostaríamos que fizesse por nós.
Com os pensamentos e atitudes de alegria, de sermos úteis, 
da prática da caridade para com o próximo, sentiremos um bem estar tão grande, 
que só teremos razões para nos sentirmos saudáveis física e mentalmente. 
Nosso corpo se tornará leve e uma imensa paz inundará o nosso ser, 
criando o céu dentro de nós.
Você ainda tem dúvidas do que realmente deseja para si? Pense nisso!!!.
Ainda é tempo de você mudar.
(mensagem do site Gotas de Paz) 

PAULO E ESTÊVÃO

PAULO E ESTÊVÃO
Espírito: Emmanuel
Livro - 015 / Ano - 1942 / Editora - FEB
Romance apontado por Chico Xavier como o mais belo e emocionante livro por ele psicografado. Recorda as lutas e testemunhas por que passou Paulo de Tarso na tarefa de divulgação do cristianismo.
Quem era Paulo de Tarso? Um fariseu fanático, obstinado perseguidor de cristãos e da nascente doutrina cristã? Ou um ser predestinado por determinação divina, que recebeu a dádiva da aparição de Jesus, em gloriosa visão às portas da cidade de Damasco, convertendo-se ao Cristianismo? A leitura deste livro nos mostrará a grandeza de Paulo de Tarso. Corajoso, intrépido e sincero que, arrependido de uma postura radical que culminou no apedrejamento de Estêvão – o primeiro mártir do Cristianismo –, humildemente empreendeu acelerada revisão de conceitos e atendeu ao chamado de Jesus. Entre perseguições, enfermidades, zombarias, desilusões, deserções de companheiros, pedradas, açoites e encarceramentos, transformou sua vida num exemplo de trabalho através de dezenas de anos de luta, empenhado em abrir igrejas cristãs e dar-lhes assistência. Em algum ponto da vida todos recebemos um chamado do Cristo. Que temos feito? PAULO E ESTÊVÃO fará você compreender como o amor apaga a multidão de faltas cometidas. 

Breve Notícia
Não são poucos os trabalhos que correm mundo, relativamente à tarefa gloriosa do Apóstolo dos gentios. É justo, pois, esperarmos a interrogativa: - Por que mais um livro sobre Paulo de Tarso? Homenagem ao grande trabalhador do Evangelho ou informações mais detalhadas de sua vida? Quanto à primeira hipótese, somos dos primeiros a reconhecer que o convertido de Damasco não necessita de nossas mesquinhas homenagens; e quanto à segunda, responderemos afirmativamente para atingir os fins a que nos propomos, transferindo ao papel humano, com os recursos possíveis, alguma coisa das tradições do plano espiritual acerca dos trabalhos confiados ao grande amigo dos gentios. Nosso escopo essencial não poderia ser apenas rememorar passagens sublimes dos tempos apostólicos, e sim apresentar, antes de tudo, a figura do cooperador fiel, na sua legítima feição de homem transformado por Jesus-Cristo e atento ao divino ministério. Esclarecemos, ainda, que não é nosso propósito levantar apenas uma biografia romanceada. O mundo está repleto dessas fichas educativas, com referência aos seus vultos mais notáveis. Nosso melhor e mais sincero desejo é recordar as lutas acerbas e os ásperos testemunhos de um coração extraordinário, que se levantou das lutas humanas para seguir os passos do Mestre, num esforço incessante. As igrejas amornecidas da atualidade e os falsos desejos dos crentes, nos diversos setores do Cristianismo, justificam as nossas intenções. Em toda parte há tendências à ociosidade do espírito e manifestações de menor esforço. Muitos discípulos disputam as prerrogativas de Estado, enquanto outros, distanciados voluntariamente do trabalho justo, suplicam a proteção sobrenatural do Céu. Templos e devotos entregam-se, gostosamente, às situações acomodatícias, preferindo as dominações e regalos de ordem material. Observando esse panorama sentimental é útil recordarmos a figura inesquecível do Apóstolo generoso. Muitos comentaram a vida de Paulo; mas, quando não lhe atribuíram certos títulos de favor, gratuitos do Céu, apresentaram-no como um fanático de coração ressequido. Para uns, ele foi um santo por predestinação, a quem Jesus apareceu, numa operação mecânica da graça; para outros, foi um espírito arbitrário, absorvente e ríspido, inclinado a combater os companheiros, com vaidade quase cruel. Não nos deteremos nessa posição extremista. Queremos recordar que Paulo recebeu a dádiva santa da visão gloriosa do Mestre, às portas de Damasco, mas não podemos esquecer a declaração de Jesus relativa ao sofrimento que o aguardava, por amor ao seu nome. Certo é que o inolvidável tecelão trazia o seu ministério divino; mas, quem estará no mundo sem um ministério de Deus? Muita gente dirá que desconhece a própria tarefa, que é insciente a tal respeito, mas nós poderemos responder que, além da ignorância, há desatenção e muito capricho pernicioso. Os mais exigentes advertirão que Paulo recebeu um apelo direto; mas, na verdade, todos os homens menos rudes têm a sua convocação pessoal ao serviço do Cristo. As formas podem variar, mas a essência ao apelo é sempre a mesma sutil, inesperadamente; a maioria, porém, resiste ao chamado generoso do Senhor. Ora, Jesus não é um mestre de violências e se a figura de Paulo avulta muito mais aos nossos olhos, é que ele ouviu, negou-se a si mesmo, arrependeu-se, tomou a cruz e seguiu o Cristo até ao fim de suas tarefas materiais. Entre perseguições, enfermidades, apodos, zombarias, desilusões, deserções, pedradas, açoites e encarceramentos, Paulo de Tarso foi um homem intrépido e sincero, caminhando entre as sombras do mundo, ao encontro do Mestre que se fizera ouvir nas encruzilhadas da sua vida. Foi muito mais que um predestinado, foi um realizador que trabalhou diariamente para a luz.
O Mestre chama-o, da sua esfera de claridades imortais. Paulo tateia na treva das experiências humanas e responde: - Senhor, que queres que eu faça? Entre ele e Jesus havia um abismo, que o Apóstolo soube transpor em decênios de luta redentora e constante. Demonstrá-lo, para o exame do quanto nos compete em trabalho próprio, a fim de ir ao encontro de Jesus, é nosso objetivo. Outra finalidade deste esforço humilde é reconhecer que o Apóstolo não poderia chegar a essa possibilidade, em ação isolada no mundo. Sem Estêvão, não teríamos Paulo de Tarso. O grande mártir do Cristianismo nascente alcançou influência muito mais vasta na experiência paulina, do que poderíamos imaginar tão-só pelos textos conhecidos nos estudos terrestres. A vida de ambos está entrelaçada com misteriosa beleza. A contribuição de Estêvão e de outras personagens desta história real vem confirmar a necessidade e a universalidade da lei de cooperação. E, para verificar a amplitude desse conceito, recordemos que Jesus, cuja misericórdia e poder abrangiam tudo, procurou a companhia de doze auxiliares, a fim de empreender a renovação do mundo. Aliás, sem cooperação, não poderia existir amor; e o amor é a força de Deus, que equilibra o Universo. Desde já, vejo os críticos consultando textos e combinando versículos para trazerem à tona os erros do nosso tentame singelo. Aos bem-intencionados agradecemos sinceramente, por conhecer a nossa expressão de criatura falível, declarando que este livro modesto foi grafado por um Espírito para os que vivam em espírito; e ao pedantismo dogmático, ou literário, de todos os tempos, recorremos ao próprio Evangelho para repetir que, se a letra mata, o espírito vivifica.
Oferecendo, pois, este humilde trabalho aos nossos irmãos da Terra, formulamos votos para que o exemplo do Grande Convertido se faça mais claro em nossos corações, a fim de que cada discípulo possa entender quanto lhe compete trabalhar e sofrer, por amor a Jesus-Cristo.
 
 
Emmanuel
(Pedro Leopoldo, 8 de julho de 1941)

CINQUENTA ANOS DEPOIS

CINQUENTA ANOS DEPOIS
Espírito: Emmanuel
Livro - 011 / Ano - 1940 / Editora - 
FEB
 
Neste romance Emmanuel conta-nos uma história ligada ao Cristianismo do século II. Nele, alguns personagens do livro “Há Dois Mil Anos” voltam à jornada terrena vivenciando, de modo claro, a lei de causa e efeito. Um dos personagens centrais daquela obra, o Senador Públio Lentulus, apresenta-se nesta em uma nova roupagem, encarnado como um escravo: Nestório. Esse escravo mostra, na sua volta à Terra, uma postura mais humilde, agora numa categoria que seu coração orgulhoso havia espezinhado na existência anterior. A misericórdia do Senhor permite-lhe reparar, na personalidade de Nestório, os desmandos e arbitrariedades cometidos no passado, quando, investido do poder público, supunha, em sua vaidade, guardar todos os direitos e poderes em suas mãos. O personagem central deste livro é, no entanto, uma mulher, Célia. Coração sublime, cujo heroísmo divino foi, no dizer de Emmanuel, uma luz acesa na estrada de numerosos Espíritos amargurados e sofredores. Ela entendeu e viveu as lições de Jesus no transcurso doloroso de sua existência.

Carta ao Leitor:
Meu amigo, Deus te conceda paz.
Se lestes as páginas singelas do “Há Dois Mil Anos...”, é possível que procures aqui a continuação das lutas intensas, vividas pelas suas personagens reais, na arena de lutas redentoras da Terra. É por esse motivo que me sinto obrigado a explicar-te alguma coisa, com respeito ao desdobramento desta nova história. 
Cinquenta anos depois das ruínas fumegantes de Pompeia, nas quais o impiedoso senador Públio Lentulus se desprendia novamente do mundo, para aferir o valor de suas dolorosas experiências terrestres, vamos encontrá-lo, nestas páginas, sob a veste humilde dos escravos, que o seu orgulhoso coração havia espezinhado outrora. A misericórdia do Senhor permitia-lhe reparar, na personalidade de Nestório, os desmandos e arbitrariedades cometidos no pretérito, quando, como homem público, supunha guardar nas mãos vaidosas, por injustificável direito divino, todos os poderes. Observando um homem cativo, reconhecerás, em cada traço de seus sofrimentos, o venturoso resgate de um passado de faltas clamorosas. 
Todavia, sinto-me no dever de esclarecer-te a curiosidade, com referência aos seus companheiros mais diretos, na nova romagem terrena, de que este livro é um testemunho real. 
Não obstante estarem na Terra, pela mesma época, os membros da famíliaSeverus, Flávia e Marcus Lentulus, Saul e André de Gioras, Aurélia, Sulpício, Flávia e demais comparsas do mesmo drama, devo esclarecer-te que todos esses companheiros de luta mourejavam, na ocasião, em outros setores de sofrimentos abençoados, não comparecendo aqui, onde o senador Públio Lentulus aparece, aos teus olhos, na indumenta de escravo, já na idade madura, como elemento integrante de um quadro novo.
De todas as personagens do “Há Dois Mil Anos...’’, um contudo aqui se encontra, junto de outras figuras do mesmo tempo, como Policarpo, embora não relacionado nominalmente no livro anterior, companheiro esse que, pelos laços afetivos, se lhe tornara um irmão devotado e carinhoso, pelas mesmas lutas políticas e sociais na Roma de Nero e de Vespasiano. Quero referir-me a Pompílio Crasso, aquele mesmo irmão de destino na destruição de Jerusalém, cujo coração palpitante lhe fora retirado do peito por Nicandro, às ordens severas de um chefe cruel e vingativo. 
Pompílio Crasso é o mesmo Helvídio Lucius destas páginas, ressurgindo no mundo para o trabalho renovador e, aludindo a um amigo dedicado e generoso, quero dizer-te que este livro não foi escrito de nós e por nós, no pressuposto de descrever as nossas lutas transitórias no mundo terrestre. Este livro é o repositório da verdade sobre um coração sublime de mulher, transformada em santa, cujo heroísmo divino foi uma luz acesa na estrada de numerosos Espíritos amargurados e sofredores. 
No “Há Dois Mil Anos...” buscávamos encarecer uma época de luzes e sombras, onde a materialidade romana e o Cristianismo disputavam a posse das almas, num cenário de misérias e esplendores, entre as extremas exaltações de César e as maravilhosas edificações em Jesus-Cristo. Ali, Públio Lentulus se movimenta num acervo de farraparias morais e deslumbramentos transitórios; aqui, entretanto, como o escravo Nestório, observa ele uma alma. Refiro-me a Célia, figura central das páginas desta história, cujo coração, amoroso e sábio, entendeu e aplicou todas as lições do Divino Mestre, no transcurso doloroso de sua vida. Na sequência dos fatos, dentro da narrativa, seguirás os seus passos de menina e de moça, como se observasses um anjo pairando acima de todas as contingências da Terra. Santa pelas virtudes e pelos atos de sua existência edificante, seu Espírito era bem o lírio nascido do lado das paixões do mundo, para perfumar a noite da vida terrestre, com os olores suaves das mais divinas esperanças do Céu.
Podemos afirmar, portanto, leitor amigo, que este volume não relaciona, de modo integral, a continuação das experiências purificadoras do antigo senador Lentulus, nos círculos de resgate dos trabalhos terrestres. É a história de um sublime coração feminino que se divinizou no sacrifício e na abnegação, confiando em Jesus, nas lágrimas da sua noite de dor e de trabalho, de reparação e de esperança. A Igreja Romana lhe guarda, até hoje, as generosas tradições, nos seus arquivos envelhecidos, se bem que as datas e as denominações, as descrições e apontamentos se encontrem confusos e obscuros pelo dedo viciado dos narradores humanos.
Mas, meu irmão e meu amigo, abre estas páginas refletindo no turbilhão de lágrimas que se represa no coração humano e pensa no quinhão de experiências amargas que os dias transitórios da vida te trouxerem. É possível que também tenhas amado e sofrido muito. Algumas vezes experimentaste o sopro frio da adversidade enregelando o teu coração. De outras, feriram-te a alma bem intencionada e sensível a calúnia ou o desengano. Em certas circunstâncias, olhaste também o céu e perguntaste, em silêncio, onde se encontrariam a Verdade e a Justiça, invocando a misericórdia de Deus, em preces dolorosas. Conhecendo, porém, que todas as dores têm uma finalidade gloriosa na redenção do teu Espírito, lê esta história real e medita. Os exemplos de uma alma santificada no sofrimento e na humildade, ensinar-te-ão a amar o trabalho e as penas de cada dia; observando-lhe os martírios morais e sentindo, de perto, a sua profunda fé, experimentarás um consolo brando, renovando as tuas esperanças em Jesus-Cristo.
Busca entender a essência deste repositório de verdades confortadoras e, do plano espiritual, o Espírito purificado de nossa heroína derramará em teu coração o bálsamo consolador das esperanças sublimes. 
Que aproveites do exemplo, como nós outros, nos tempos recuados das lutas e das experiências que passaram, é o que te deseja um irmão e servo humilde. 

Emmanuel
(Pedro Leopoldo, 19 de dezembro de 1939)

HÁ DOIS MIL ANOS

HÁ DOIS MIL ANOS
Espírito: Emmanuel
Livro - 010 / Ano - 1940 / Editora - FEB
Narrativa de Emmanuel, espírito mentor de Chico Xavier, a respeito de uma de suas encarnações como Senador Romano. O livro ressalta episódios da história do cristianismo no século I e momentos inesquecíveis, de grandes emoções. Disponível também em edição especial com letras maiores, diagramação moderna e papel especial.

Na Intimidade de Emmanuel
Ao Leitor:
Leitor, antes de penetrares o limiar desta história, é justo apresentemos à tua curiosidade algumas observações de Emmanuel, o ex-senador Públio Lentulus, descendente da orgulhosa “gens Cornelia”, recebidas desse generoso Espírito, na intimidade do grupo de estudos espiritualistas de Pedro Leopoldo, Estado de Minas Gerais. 
Através destas observações ficarás conhecendo as primeiras palavras do Autor, a respeito desta obra, e suas impressões mais profundas, no curso do trabalho, que foi levado a efeito de 24 de outubro de 1938 a 9 de fevereiro de 1939, segundo as possibilidades de tempo do seu médium e sem perturbar outras atividades do próprio Emmanuel, junto aos sofredores que frequentemente o procuram, e junto ao esforço de propaganda do Espiritismo cristão na Pátria do Cruzeiro. 
Em 7 de setembro de 1938, afirmava ele em pequena mensagem endereçada aos seus amigos encarnados:
“Algum dia, se Deus mo permitir, falar-vos-ei do orgulhoso patrício Públio Lentulus, a fim de algo aprenderdes nas dolorosas experiências de uma alma indiferente e ingrata. 
Esperemos o tempo e a permissão de Jesus.”
Emmanuel não esqueceu a promessa. Com efeito, em 21 de outubro do mesmo ano, voltava a recordar, noutro comunicado familiar:
“Se a bondade de Jesus nos permitir, iniciaremos o nosso esforço, dentro de alguns dias, esperando eu a possibilidade de grafarmos as nossas lembranças do tempo em que se verificou a passagem do Divino Mestre sobre a face da Terra.”
Não sei se conseguiremos realizar tão bem, quanto desejamos, semelhante intento. De antemão , todavia, quero assinalar minha confiança na misericórdia do Nosso Pai de Infinita Bondade” .
De fato, em 24 de Outubro referido, recebida o médium Xavier a primeira página deste livro e, no dia seguinte, Emmanuel voltava a dizer: 
“Iniciamos, com o amparo de Jesus, mais um despretensioso trabalho. Permita Deus que possamos levá-lo a bom termo.
Agora verificareis a extensão de minhas fraquezas no passado, sentindo-me, porém, confortado em aparecer com toda a sinceridade do meu coração, ante o plenário de vossas consciências. Orai comigo, pedindo a Jesus para que eu possa completar esse esforço, de modo que o plenário se dilate, além do vosso meio, a fim de que a minha confissão seja um roteiro para todos.”
Durante todo o esforço de psicografia, o Autor deste livro não perdeu ensejo de ensinar a humildade e a fé a quantos o acompanham. Em 30 de dezembro de 1938, comentava, em nova mensagem afetuosa: 
“Agradeço, meus filhos, o precioso concurso que me vindes prestando. Tenho-me esforçado, quanto possível, para adaptar uma história tão antiga ao sabor das expressões do mundo moderno, mas, em relatando a verdade, somos levados a penetrar, antes de tudo, na essência das coisas, dos fatos e dos ensinamentos.
Para mim essas recordações têm sido muito suaves, mas também muito amargas. Suaves pela rememoração das lembranças amigas, mas profundamente dolorosas, considerando o meu coração empedernido, que não soube aproveitar o minuto radioso que soara no relógio da minha vida de Espírito, há dois mil anos. 
Permita Jesus que eu possa atingir os fins a que me propus, apresentando, nesse trabalho, não uma lembrança interessante acerca de minha pobre personalidade, mas, tão somente, uma experiência para os que hoje trabalham na semeadura e na seara do Nosso Divino Mestre.”
De outras vezes, Emmanuel ensinava aos seus companheiros encarnados a necessidade de nossa ligação espiritual com Jesus, no desempenho de todos os trabalhos. No dia 4 de Janeiro de 1939, grafava ele esta prece, ainda com respeito às suas memórias do passado remoto: 
“Jesus, Cordeiro Misericordioso do Pai de todas as graças, são passados dois mil anos e minha pobre alma ainda revive os seus dias amargurados e tristes!...
Que são dois milênios, Senhor, no relógio da Eternidade?
Sinto que a tua misericórdia nos responde em suas ignotas profundezas... Sim, o tempo é o grande tesouro do homem e vinte séculos, como vinte existências diversas, podem ser vinte dias de provas, de experiências e de lutas redentoras. 
Só a tua bondade é infinita! Somente tua misericórdia pode abranger todos os séculos e todos os seres, porque em Ti vive a gloriosa síntese de toda a evolução terrestre, fermento divino de todas as culturas, alma sublime de todos os pensamentos. 
Diante de meus pobres olhos, desenha-se a velha Roma dos meus pesares e das minhas quedas dolorosas... Sinto-me ainda envolto na miséria de minhas fraquezas e contemplo os monumentos das vaidades humanas... Expressões políticas, variando nas suas características de liberdade e de força, detentores da autoridade e do poder, senhores da fortuna e da inteligência, grandezas efêmeras que perduram apenas por um dia fugaz!... Tronos e púrpuras, mantos preciosos das honrarias terrestres, togas da falha justiça humana, parlamentos e decretos supostos irrevogáveis!... Em silêncio, Senhor, viste a confusão que se estabelecera entre os homens inquietos e, com o mesmo desvelado amor, salvaste sempre as criaturas no instante doloroso das ruínas supremas... Deste a mão misericordiosa e imaculada aos povos mais humildes e mais frágeis, confundiste a ciência mentirosa de todos os tempos, humilhaste os que se consideravam grandes e poderosos!... 
Sob o teu olhar compassivo, a morte abriu suas portas de sombra e as falsas glórias do mundo foram derruídas no torvelinho das ambições, reduzindo-se todas as vaidades a um acervo de cinzas!...
Ante minhalma surgem as reminiscências das construções elegantes das colinas célebres; vejo o Tibre que passa, recolhendo os detritos da grande Babilônia imperial, os aquedutos, os mármores preciosos, as termas que pareciam indestrutíveis... Vejo ainda as ruas movimentadas, onde uma plebe miserável espera as graças dos grandes senhores, as esmolas de trigo, os fragmentos de pano para resguardarem do frio a nudez da carne. 
Regurgitam os circos... Há uma aristocracia do patriciado observando as provas elegantes do Campo de Marte e, em tudo, das vias mais humildes até os palácios mais suntuosos, fala-se de César, o Augusto!...
Dentro dessas recordações, eu passo, Senhor, entre farraparias e esplendores, com o meu orgulho miserável! Dos véus espessos de minhas sombras, também eu não te podia ver, no Alto, onde guardas o teu sólido de graças inesgotáveis.
Enquanto o grande Império se desfazia em suas lutas inquietantes, trazias o teu coração no silêncio e, como os outros, eu não percebia que vigiavas!
Permitiste que a Babel romana se levantasse muito alto, mas, quando viste que se ameaçava a própria estabilidade da vida no planeta, disseste: - “Basta! São vindos os tempos de operar-se na seara da Verdade!” E os grandes monumentos, com as estátuas dos deuses antigos, rolaram de seus pedestais maravilhosos! Um sopro de morte varreu as regiões infestadas pelo vírus da ambição e do egoísmo desenfreado, despovoando-se, então, a grande metrópole do pecado. Ruíram os circos formidandos, caíram os palácios, enegreceram-se os mármores luxuosos...
Bastou uma palavra tua, Senhor, para que os grandes senhores voltassem às margens do Tibre, como escravos misérrimos!... Perambulamos, assim, dentro da nossa noite, até o dia em que nova luz brotara em nossa consciência. Foi preciso que os séculos passassem, para aprendermos as primeiras letras de tua ciência infinita, de perdão e de amor! 
E aqui estamos, Jesus, para louvar-te a grandeza! Dá que possamos recordar-te em cada passo, ouvir-te a voz em cada som distraído do caminho, para fugirmos da sombra dolorosa!... Estende-nos tuas mãos e fala-nos ainda do teu Reino!... Temos sede imensa daquela água eterna da vida, que figuraste no ensinamento à Samaritana . . .
Exército de operários do teu Evangelho, nós nos movemos sob as tuas determinações suaves e sacrossantas! Ampara-nos, Senhor, e não nos retires dos ombros a cruz luminosa e redentora, mas ajuda-nos a sentir, nos trabalhos de cada dia, a luz eterna e imensa do teu Reino de paz, de concórdia e de sabedoria, em nossa estrada de luta, de solidariedade e de esperança!... 
Em 8 de fevereiro último, véspera do término da recepção deste livro, agradecia Emmanuel o concurso de seus companheiros encarnados, em comunicado familiar, do qual destacamos algumas frases: 
“Meus amigos, Deus vos auxilie e recompense. Nosso modesto trabalho está a terminar. Poucas páginas lhe restam e eu vos agradeço de coração.
- Reencontrando os Espíritos amigos das épocas mortas, sinto o coração satisfeito e confortado ao verificar a dedicação de todos ao firme pensamento de evolução, para a frente e para o alto, pois não é sem razão de ser que hoje laboramos na mesma oficina de esforço e boa vontade. 
Jesus há-de recompensar a cota de esforço amigo e sincero que me prestastes e que a sua infinita misericórdia vos abençoe é a minha oração de sempre.”
Aqui ficam algumas das anotações íntimas de Emmanuel, fornecidas na recepção deste livro. A humildade desse generoso Espírito vem demonstrar que no plano invisível há, também, necessidade de esforço próprio, de paciência e de fé para as realizações. 
As notas familiares do Autor são um convite para que todos nós saibamos orar, trabalhar e esperar em Jesus-Cristo, sem desfalecimentos na luta que a bondade divina nos oferece para o nosso resgate, no caminho da redenção. 

 
(Pedro Leopoldo, 2 de março de 1939

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Pedagogia Espírita









Prefácio de Luiz Antonio Fuchs

  Esta obra, segundo seu prefaciador, foi constituída com os textos mais significativos produzidos por Herculano Pires para o periódico “Educação Espírita”, que ele dirigiu no período de 1970 a 1974. (Pág.  XII)







O mistério do ser

  A educação depende do conhecimento menor ou maior que o educador possua de si mesmo. Conhecer-se a si mesmo é o primeiro passo do conhecimento do ser humano. Como as diferenças temperamentais, culturais, raciais, de tipologia psicológica, de nacionalidade, cor ou tamanho são apenas acidentais, a educação é universal e seus objetivos são os mesmos em todas as épocas e em todas as latitudes da Terra. (Pág. 1)

  Essa padronização, que deveria simplificar a educação, na verdade a complica, porque existem as diferenciações individuais e grupais por baixo do aspecto padronizador. Cada indivíduo é único, diferente dos demais, mesmo nos grupos afins. O mistério do ser, que aturde os educadores, chama-se personalidade. (Pág. 1)

  Educar é decifrar o enigma do ser em geral e de cada ser em particular, de cada educando. René Hubert, pedagogo francês contemporâneo, define a educação como um ato de amor, pelo qual uma consciência formada procura elevar ao seu nível uma consciência em formação.

Nesse sentido, o verdadeiro educador é o que pratica a Religião verdadeira do amor ao próximo. O ato de educar é essencialmente religioso. Não é apenas um ato de amor individual, do mestre para o discípulo, mas também um ato de integração e salvação.

A Educação não procura integrar o ser em desenvolvimento numa dada situação social ou cultural, mas na condição humana, salvando-o dos condicionamentos animais da espécie, elevando-o ao plano superior do espírito. (Págs. 1 e 2)



Pela educação integral

  A Educação Espírita não surge como uma elaboração artificial em nosso tempo, como uma novidade a mais desta fase de transição.

Toda forma de cultura exige meios de transmissão. O meio básico de transmissão cultural é a educação. Era inevitável, pois, com o advento do Espiritismo, o aparecimento da Educação Espírita, que foi se delineando aos poucos, à maneira da Educação Cristã: primeiro no lar, depois nas instituições em forma de catecismo e por fim na criação das primeiras escolas. (Págs. 5 e 6)

  A Educação Espírita objetiva sobretudo uma forma de Educação Integral e Contínua, abrangendo ao mesmo tempo todo o complexo da personalidade do educando e todas as faixas etárias em que ela se projeta.

Ligada historicamente à linha rousseauniana da Educação Moderna, através de Pestalozzi, de quem Kardec foi discípulo e continuador, a Educação Espírita se entrosa naturalmente nas aspirações e nos objetivos da Pedagogia contemporânea. [Pág. 8]




 


E a quem melhor despertar, senão às crianças?


  Os evangelhos de Jesus constituem uma síntese das conquistas espirituais da Humanidade em toda a sua evolução, até o momento histórico do advento do monoteísmo como uma realidade social.

Ora, negar às crianças o direito à educação cristã, através da evangelização, seria sonegar-lhes o quinhão que lhes cabe na herança cultural. Sem o processo da educação, o ato de amor de Kerchensteiner e Hubert, não despertaremos para a nova orientação que devemos seguir na nova encarnação, na nova experiência existencial. Sem o impacto da educação, a cultura do passado não renascerá em nós em seu novo desenvolvimento. (Págs. 11 e 12)

  As pesquisas sobre a educação primitiva mostram que mesmo nas tribos selvagens a iniciação nos costumes, nos rituais, nas crenças e nas tradições da nação se processa com regularidade, dentro de uma sistemática apropriada, porque o direito de escolha, de opção, no exercício do livre-arbítrio individual, pressupõe inevitavelmente o direito de aquisição dos elementos necessários ao julgamento. A educação não é um ato de imposição, de violação de consciência, mas um ato de doação. (Págs. 12 e 13)

  O educador oferece ao educando os elementos de que ele necessita para integrar-se no meio cultural e poder experimentar por si mesmo os valores vigentes, rejeitando-os, aceitando-os ou reformulando-os, quando amadurecer. (Pág. 13)







Condições da criança


10   As condições de aprendizado da criança variam numa escala progressiva, segundo o seu desenvolvimento psicossomático. Determinar uma idade-limite em que essas fases se sucedem é temerário. As escalas ontogenéticas são bastante flexíveis, mas no campo específico da psicogenética verifica-se uma continuidade entre a percepção e o desenvolvimento da representação. (Pág. 13)

11   No tocante ao desenvolvimento da linguagem, diz René Hubert, ela acompanha o desenvolvimento da inteligência. A inteligência infantil se manifesta progressivamente, passando da fase sensório-motora para a fase prática, desta para a representativa e desta para a abstrata. Mas está sempre atuante no desenvolvimento orgânico e psíquico. (Pág. 13)

12   Enfrentando o problema na posição materialista, podemos negar à criança a capacidade de compreensão de certos princípios abstratos, mas, enfrentando-o numa posição espírita, teremos de admitir suas possibilidades latentes. (Pág. 13)

13   É preciso, porém, lembrar que a evangelização da infância não é nem pode ser feita em termos de pura abstração, o que seria um ilogismo. Daí o apelo muito justo e pedagógico às historietas figuradas. (Pág. 14)

14   Trata-se de uma técnica audiovisual de inegável eficiência e seu objetivo não é a transmissão dos princípios doutrinários, mas o despertar da criança para a compreensão de realidades que ela já traz no inconsciente, na memória profunda que guarda as vivências do passado. (Pág. 14)

15   A função da historieta é a mesma da maiêutica de Sócrates e lembra o acordar da reminiscência platônica na mente do Espírito encarnado. (Pág. 14)

16   Essa função corresponde precisamente ao objetivo real da educação, que não é transmitir ensinamentos, mas predispor a mente a recebê-los através da instrução e assimilá-los na formação cultural.

Por isso, a evangelização da criança não pode ser encarada como ato de imposição ou de violência. Nenhuma aula de evangelização espírita impõe dogmas de fé nem pretende realizar a internalização dos princípios espíritas. Sua finalidade é o contrário: despertar na criança as suas forças interiores e fazê-las aflorar no plano da consciência.

O que se pode é enriquecer essas aulas com as contribuições do Método Montessori, criando um ambiente estimulante e juntando às historietas outros elementos sensoriais, de acordo com as faixas etárias dos alunos. Os trabalhos de Maria Montessori e sua teoria educacional correspondem em grande parte às aspirações e objetivos da evangelização espírita das crianças. (Pág. 14)







Educação no lar

17   Após defender a tese de que não podemos restringir essa tarefa apenas ao âmbito familial, Herculano adverte que a preocupação dos cursos de evangelização da infância, no meio espírita, não é nem pode ser a da transmissão de princípios, mas apenas a de preparação do espírito infantil para o bom aproveitamento da sua atual encarnação.

A orientação moral não é uma preparação filosófica, mas um processo de integração das novas gerações em determinado sistema de vida, a fim de que possam beneficiar-se com as experiências e conquistas das gerações anteriores. (Págs. 15  e 16)

18   A educação espírita começa no lar. Nas famílias espíritas é dever dos pais iniciar os filhos nos princípios doutrinários desde cedo. A falta de compreensão da doutrina faz que certas pessoas pensem que as crianças não devem preocupar-se com o assunto.

Tais pessoas se esquecem de que seus filhos necessitam de orientação espiritual e que essa orientação será tanto mais eficiente quanto mais cedo lhes for dada. É preciso não esquecer que as crianças são espíritos reencarnados, espíritos adultos que se vestem “com a roupagem da inocência” para iniciarem uma vida nova. (Págs. 16 e 17)

19   Ensinar às crianças o princípio da reencarnação, da lei de causa e efeito, da presença do anjo guardião em suas vidas, da comunicabilidade dos Espíritos e assim por diante, é um dever inalienável dos pais.

As crianças já trazem consigo o germe desses conhecimentos e estão mais próximas do mundo espiritual que os adultos. O maior patrimônio que os pais podem legar aos filhos é o conhecimento de uma doutrina que vai garantir-lhes a tranqüilidade e a orientação certa no futuro. (Pág. 17)

20   A melhor maneira de desenvolver a educação espírita no lar é organizar festinhas domingueiras com prece, recitativos infantis de tema evangélico, explicação de parábolas, canções espíritas e brincadeiras criativas que ajudem a despertar a criatividade das crianças. Essas festinhas preparam o espírito da criança para as aulas no Centro e na escola. (Pág. 18)

21   Esconder às crianças de hoje a verdade espírita é cometer um verdadeiro crime contra o seu progresso espiritual e a sua integração na cultura espírita do novo mundo que está nascendo. A educação no lar é a base de todo o processo posterior de educação escolar e de educação social que os jovens irão enfrentar na vida. (Pág.18)






Educação e regeneração

22  Espiritismo é educação. Educação individual e educação em massa. Contudo, há os que querem reduzir a Educação Espírita ao campo do autodidatismo. Só entendem a educação individual pela doutrina.

Cumprindo um dos seus objetivos, o Espiritismo de massas exige educação massiva, porque a missão do Espiritismo não é esclarecer alguns indivíduos em meio às multidões, mas esclarecer as multidões, alargar o conhecimento humano, colocar os homens diante da realidade integral da vida, para regenerá-los. (Pág. 19)

23  Segundo vemos em “O Livro dos Espíritos”, é pela educação que o mundo poderá regenerar-se. A Educação Cristã substituiu a Educação Pagã e modificou a Terra. A Educação Espírita renovará a Educação Cristã e, com ela, o Mundo. (Pág. 20)

24  Educação Espírita é o processo de orientação das novas gerações de acordo com a visão nova que o Espiritismo nos oferece da realidade. Mas, a Educação Espírita não é um processo de coação, de imposição das idéias espíritas, mesmo porque um dos princípios fundamentais do Espiritismo é o da liberdade de consciência. O Espiritismo não é uma forma de dominação de consciência, mas de libertação. (Pág. 20)

25  Assim, a Educação Espírita, tal como a Cristã, apresenta-nos dois aspectos correspondentes às exigências atuais. De um lado, deve ser um sistema educacional aplicável ao meio espírita.

De outro, uma influência educacional remodelando os postulados pedagógicos no sentido geral. Não podemos pretender que todas as nações se tornem espíritas, o que seria uma utopia e um contra-senso; por isso não tenhamos a ilusão de que a Educação Espírita absorverá e englobará numa só todas as formas pedagógicas existentes. Essa intenção seria contrária à concepção espírita.(Págs. 20 e 21)








As dimensões da educação

26   A educação só se tornou problemática nos momentos em que se desligou da religião. Enquanto as religiões incorporaram em suas estruturas gerais o conceito de educação como salvação e a prática educativa como catequese, não havia problema.

Quando, porém, o pensamento crítico se desenvolveu, a ponto de atingir a própria substância da fé, retirando ao homem a base de suas certezas tradicionais, surgiu a problemática da educação. (Pág. 25)

27   A reincorporação da educação à estrutura religiosa, verificada na Idade Média, não representou um retrocesso, porque se realizou num plano de enriquecimento conceptual, ou seja, embora dominada pela concepção religiosa, a educação medieval já se processava numa perspectiva racional, fruto de um lento processo de caldeamento em novas possibilidades. (Pág. 26)

28   Na medida em que vão surgindo, nas linhas sucessivas desse processo, as dimensões espirituais do homem, a educação naturalmente se desenvolve em perspectivas dimensionais. (Pág. 26)

29   Encarar a educação num plano de desenvolvimento progressivo, não apenas histórico, permite-nos uma melhor compreensão do problema educacional.

Da educação primitiva – como simples forma de integração – passamos às formas religiosas e cívicas, como processos de domesticação, para atingirmos os conceitos clássico e moderno de formação cultural, em que as condições de imanência social são finalmente rompidas pelo impulso de transcendência espiritual. (Págs. 26 e 27)

30   Se pudermos encarar a educação como um processo de desenvolvimento dimensional da cultura, não como substituição de fases históricas condicionadas pelo tempo, mas de um processo que se serve do tempo, estaremos mais próximos de uma visão global do problema. (Pág. 27)

 







As dimensões do homem

31   As dimensões da educação decorrem das dimensões do homem. Se o homem pode ser encarado, tanto espiritual como socialmente, numa perspectiva de sucessões dimensionais, então o processo educativo também será suscetível dessa visualização. (Pág. 27)

32   A tese de Jean Paul Sartre, em seu conhecido ensaio de ontologia fenomenológica, pode ser assim resumida: antes de mais nada, o corpo existe, e este existir é sua primeira dimensão; depois o corpo entra em relação com os outros, e nesta relação surge a sua segunda dimensão; por fim, no conhecimento do corpo pelos outros tem ele a sua terceira dimensão. (Pág. 28)

33   Essa dialética das dimensões adquire em Denis de Rougemont maior densidade ontológica, porque passa do plano da fenomenologia para o da metafísica, embora se apresente numa perspectiva fideísta. A transcendência do ser, que é a sua terceira dimensão, equivale a um duplo processo de relações: no plano social como amor do próximo e no metafísico como amor de Deus. (Págs. 28 e 29)

34   Essas dimensões se tornam, porém, ainda mais claras num enfoque histórico-cultural:

A primeira dimensão é a do horizonte tribal, que o autor define servindo-se da teoria do corpo mágico ou corpo-sagrado do ensaísta austríaco Rudolf Kessner, em que o homem primitivo aparece como simples parcela de um todo fechado em si mesmo;

A  segunda dimensão é a do horizonte civilizado, em que surge o indivíduo urbano que se torna cidadão; a terceira dimensão é a do transcendente, em que o homem se torna cristão, integrando-se nos princípios espirituais da civilização. (Pág. 29)

35   É o seguinte o esquema apresentado pelo próprio Denis de Rougemont: “Se o homem do clã, da tribo ou da casta só tinha uma dimensão real: sua relação com o corpo sagrado; se a segunda dimensão, inventada pelos gregos, é a que reúne o indivíduo e seu modo de relações, a cidade; São Paulo definiu a terceira dimensão.

A relação dialética com o transcendente, religando o indivíduo como vocação divina à comunidade, como amor do próximo. Esse homem, melhor liberado que o indivíduo grego, melhor entrosado que o cidadão romano, mais livre pela fé mesma que o entrosa, é o arquétipo do Ocidente que nasce, é a pessoa. (Págs. 29 e 30)




Educação e Filosofia

36   Foi René Hubert quem, ao publicar o seu Tratado de Pedagogia Geral, na França, procurou lançar as bases realmente filosóficas de uma Filosofia da Educação.

No prefácio de seu livro, Hubert reproduz a crítica que Paul Desjardins havia feito aos reformadores da educação, aos formuladores da escola pensada à francesa. O centro, de que tudo parte e que não foi assinalado com suficiente ênfase em nenhum lugar, diz Hubert, é o homem: “a escola pensada à francesa é a que se dedica a ensinar e fazer nascer o Homem”. (Pág. 32)

37   A Filosofia da Educação abrange todo o contexto de ações e reações objetivas e subjetivas que vai do ser como ser ao social como social e como cultura. Investigar as possibilidades metodológicas da teoria das dimensões humanas parece-nos, pois, tarefa das mais promissoras. (Págs. 33 e 34)

38   Superar a situação conflitiva do presente para encontrar um plano de unidade equivalerá a reconstruir a homogeneidade religiosa, porque, segundo Hubert, o destino do homem “consiste em ser espírito”, e o fim da educação, segundo Kerchensteiner, é “a criação de um ser espiritual”. (Pág. 35)





Educação e religião

39   O aparecimento e o desenvolvimento da escola leiga, do laicismo pedagógico, têm sua fonte em três grandes equívocos que felizmente estão agora em fase de extinção:

  1º-) O equívoco do Materialismo, que na verdade só apareceu de maneira clara e definida na época moderna. Foi o desenvolvimento das Ciências que permitiu uma fundamentação positiva para o Materialismo e conseqüentemente a sua formulação filosófica.

Desde então surgiu o conflito Ciência versus Religião. Os homens cultos e os espíritos fortes opuseram-se ao ensino da Religião nas escolas por considerá-lo determinante de retrocessos culturais. O laicismo tinha por finalidade garantir uma educação liberta de superstições e preconceitos que as religiões semeavam e estimulavam nos educandos.

  2º-) O equívoco do Espiritualismo, que, partindo de premissas certas, desenvolveu-se em várias formas de falsos silogismos, chegando a conclusões erradas na elaboração de suas teologias, teogonias e dogmáticas.

  3º-) O equívoco da Filosofia, que, através da Gnosiologia, da Teoria do Conhecimento, acabou referendando os dois equívocos acima, particularmente a partir do criticismo kantiano, que delimitou o campo do conhecimento possível, relegando para o impossível, portanto fora do alcance científico, os problemas espirituais.

A separação entre Ciência e Religião foi então oficializada no plano cultural. Se o homem só podia conhecer através da Ciência pelo uso da Razão, não havia motivo algum que justificasse nas escolas a disciplina religiosa. A escola se tornava instrumento da Ciência. A Religião devia, pois, restringir-se ao âmbito familial e ser ministrada nas igrejas. (Págs. 36 e 37)

40   Hoje em dia a situação está mudada. O Materialismo perdeu seus elementos de sustentação no campo da Razão e uma das causas foi a descoberta de que a matéria é simples condensação de energia. O Espiritualismo modificou-se e continua a modificar-se profundamente, e o fanatismo obscurantista não tem mais nenhuma possibilidade de manter o seu domínio nos povos.

A Filosofia, por sua vez, está francamente de volta às suas raízes espiritualistas. A situação atual revela-se, assim, favorável à solução do impasse educacional criado pelo fanatismo religioso, pois, científica e filosoficamente, já se reconhece que a Religião é uma das províncias principais do conhecimento. (Págs. 38 e 39)







Religião nas escolas

41   Ao lado de todos esses eventos devemos assinalar o desenvolvimento das pesquisas e dos estudos sobre a Religião no meio universitário. Há um conceito novo de fé. Tudo isso facilita a compreensão de que não podemos ter Educação sem Religião e de que o sonho da Educação laica não passou de resposta aos grandes equívocos do passado já referidos. (Pág. 40)

42   Reconhecendo que a Religião corresponde a uma exigência natural da condição humana e a uma exigência da consciência humana, e que pertence de maneira irrevogável ao campo do Conhecimento, devemos reconduzi-la à escola, desprovida porém da roupagem imprópria do sectarismo. Temos de introduzir nos currículos escolares, em todos os graus de ensino, a disciplina Religião ao lado da Ciência e da Filosofia. (Pág. 41)

43   A Educação proposta por René Hubert tem por fundamento a Filosofia do Espírito. Nessa proposta a Religião comparece, não como um ensino dogmático e sectário, mas como resposta às exigências conscienciais do homem, esclarecendo-lhe os problemas da existência de Deus, da natureza espiritual das criaturas e da sua destinação transcendente.

Não é o padre, nem o pastor, nem o rabi, nem a catequista que vão dirigir a cadeira, mas o professor especializado no assunto, tratando dos problemas religiosos como se trata dos filosóficos e científicos. (Págs. 41 e 42)

44   De posse dos dados fornecidos pela disciplina escolar, o educando decidirá por si mesmo o setor religioso em que se localizará, se for o caso, mas poderá também apoiar-se nesses dados para o desenvolvimento de sua própria religião, pois, como demonstrou Bergson, existe a religião dinâmica individual que não se cristaliza em estruturas sociais.  (Pág. 42)

45   A Educação, dessa maneira, não seria parcial, voltada apenas para os problemas imediatos da vida, mas forneceria elementos racionais para a formação espiritual do educando.

Ela não seria religiosa no sentido estreito do sectarismo hoje dominante, visto que, às portas de uma civilização espiritualista, não podemos continuar educando as crianças e os jovens nos moldes obsoletos do passado. Educação sem religião é atualmente absurda, como absurda é a educação materialista que continuamos a aplicar. (Pág. 43)










Nascimento da educação cristã

46   A prática judaica e a teoria cristã deram nascimento a um novo tipo de educação, correspondente às aspirações da nova era que brotava dos ensinos de Jesus.

Mais tarde, como sempre acontece em Educação, teria de surgir a Pedagogia Cristã, que se dividiria em vários sistemas pedagógicos. Diz Lorenzo Luzuriaga, na sua História da Educação e da Pedagogia, que a Educação Cristã se realizou, nos primeiros tempos, direta e pessoalmente. Era então uma educação sem escolas. (Págs. 45 e 46)

47   Henri Marrou informa que a expressão educação cristã é encontrada nos escritos de São Clemente de Roma, lá pelo ano 96. São Paulo, antes dele, já se preocupara em aconselhar os pais sobre a maneira de educar os filhos.

Foi, porém, por volta de 179 que o filósofo grego Pantenus, convertido ao Cristianismo, fundou em Alexandria a primeira escola de catequistas. Os didáscalos, catequizadores sem preparo, iam ser substituídos por professores formados em curso especial. (Págs.46 e 47)
























A pedagogia cristã

48   A Pedagogia propriamente dita só aparece depois do desenvolvimento da Educação, porque a Pedagogia é o estudo, a pesquisa, a reflexão sobre o processo educacional.

Cada sistema educacional que surge e se desenvolve sob a pressão das necessidades culturais, vale-se inicialmente de uma orientação pedagógica estranha, até que crie sua própria Pedagogia. Cada nova Educação não é a negação da anterior, mas o seu desenvolvimento. (Pág. 47)

49   O Cristianismo apresenta-se, ainda hoje, sobrecarregado de heranças pagãs e judaicas, e essas heranças pesaram também no desenvolvimento da Educação Cristã. Mas, na era patrística, entre os séculos III e IV, elas vão servir para a elaboração da Pedagogia Cristã.

Clemente de Alexandria, autor de O Pedagogo, primeiro tratado pedagógico do Cristianismo, era formado em Filosofia grega. Seu discípulo e continuador, Orígenes, autor da Suma Teológica Metafísica, teve a mesma origem cultural e considerava a Filosofia como o preâmbulo da Religião. (Págs. 47 e 48)

50   Com São Bento a Educação Cristã começa a abrir suas portas para o mundo, saindo do recinto fechado dos mosteiros para aceitar alunos externos.

Mas é com Agostinho, autor de A Cidade de Deus, que a herança platônica se acentua vigorosamente na Pedagogia Cristã, ao mesmo tempo em que os elementos fundamentais da Pedagogia Pagã são adaptados à Escola Cristã e nela integrados: as artes liberais, a retórica, a eloquência e a  cultura física. (Pág. 48)

51   O episódio ocorrido no ano 362 com Juliano, o imperador apóstata que proibiu os professores cristãos de lecionar nas escolas imperiais, é sintomático. Juliano tinha razão.

Como podiam os professores cristãos ensinar na escola pagã sem trair seus princípios, sua fé e, ao mesmo tempo, sem trair o paganismo? E como poderiam os alunos cristãos aceitar o ensino pagão sem renunciar à sua própria formação cristã iniciada no lar?

Estamos hoje, como os cristãos do século IV, perante um dilema semelhante e é por isso, evidentemente, que assistimos ao nascimento da Educação Espírita. (Págs. 48 e 49)