sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Falando aos pássaros





Falando aos pássaros


   Em tempos em que se fala a respeito de meio ambiente, ecologia, mundo sustentável, pensamos em quantas criaturas no mundo já nos exemplificaram a importância de viver em harmonia com o meio ambiente.

Mesmo porque nós, criaturas humanas, fazemos parte desse meio. Lembramos de Francisco de Assis que, no Século XIII, tinha cuidados extremos com os animais.

Animais selvagens, maltratados por outras pessoas, costumavam fugir para junto dele. Em sua presença, encontravam refúgio.

Frequentemente libertava cordeiros da ameaça da morte porque sentia compaixão. Chegava a retirar minhocas da estrada para que não fossem esmagadas pelos passantes.

Ele chamava a todos os animais de irmãos e irmãs.

Narram seus biógrafos, com leves alterações de forma e conteúdo, que certa feita, regressando a Assis, parou na estrada a uns dez quilômetros da cidade.

Estava aborrecido com a indiferença de muita gente. Anunciou que provavelmente seria ouvido com mais respeito pelos pássaros.

Ele viu uma multidão de pássaros reunidos: pombos, corvos e gralhas.

Foi em sua direção, deixando seus companheiros na estrada. Quando estava bem perto das aves, saudou-as:

Que o Senhor vos dê a paz.

Surpreendeu-se porque os pássaros não voaram. Mexeram e viraram seus pescoços e ficaram ali, esperando.



   Cheio de alegria, Francisco lhes pediu que ouvissem as suas palavras. E discursou:

Meus irmãos pássaros, vocês devem louvar seu Criador. E amá-lo sempre.

Ele lhes dá penas para vestir, asas para voar e tudo de que necessitam.

Deus lhes dá um lar na pureza do ar. E, embora vocês não plantem, nem realizem colheitas, ele mesmo os protege e cuida.

Os pássaros abriram as asas e os bicos e continuaram olhando para ele.

Francisco passou por entre eles, indo e vindo, tocando suas cabeças e corpos com sua túnica.

Ao finalizar sua fala, os abençoou e lhes deu permissão para que voassem a outro lugar.



   Alguns dirão que isso é lenda. Mas é de conhecimento geral que certos homens e mulheres possuem um vínculo singular com animais.

Pessoas sem qualquer treinamento especial, muito frequentemente, parecem saber os gestos ou tons de voz que são tranquilizadores.

E os animais sentem a simpatia, a delicadeza, a boa vontade e reagem a isso de maneiras consi-deradas, por vezes, maravilhosas.

O que ressalta do fato é que com sua atitude, Francisco ensinava que todas as criaturas na Terra merecem respeito.

Lecionava o amor pela natureza e que podemos estabelecer laços com todos os seres viventes.

Pensemos nisso, pois já aprendemos que tudo em a natureza se encadeia por elos que ainda não podemos apreender.

E apoiemos, quanto possível, os movimentos e as organizações de proteção aos animais, através de atos de generosidade cristã e humana compreensão.

Lembremos: a luz do bem deve fulgir em todos os planos.


ESTAVA ESCRITO,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,


ESTAVA ESCRITO

Meu Deus, quando renasci nesta vida trouxe comigo todas as minhas misérias passadas, dívidas pendentes que Tu, em silêncio, pedia que eu saldasse em nome de minha própria paz!...
Assim, vim ao mundo com inclinações que me diziam ao coração de todos os riscos a que estava submetido, pois que a carne é teia hipnótica a enredar a alma em ilusões e enganos e que só tarde demais revela os danos causados ao espírito invigilante...
Mas, ao lado da minha fragilidade perante as provas, e da desanimadora certeza de queda, estava a Tua força e o Teu amor, qual redoma de insuspeitável energia a me amparar a caminhada!
Foi assim que ao deparar-me com as primeiras lágrimas, estava escrito que eu desanimaria... Mas, entre o véu que encobriu minha face eu vi Teu sorriso e o meu pranto amainou suavemente. Aprendi a sorrir contigo para enfrentar a dor e a dor tornou-se lição suportável e passageira...
Quando os instintos violentos que falam do animal que ainda sou ergueram-se em ímpetos homicidas contra aqueles que me aborreciam a caminhada, estava escrito que eu me submeteria... Mas então vi sobre minha raiva o Teu olhar de cordeiro imolado e minhas mãos envergonharam-se de si mesmas e desde então oferecem vida ao derredor, auxiliando, acarinhando e protegendo!...
Quando o corpo pediu-me a saciedade dos brutos através do prazer sem responsabilidade, estava escrito eu eu me deixaria seduzir... Mas então Teu coração pulsou junto ao meu peito a falar de um amor que ainda não havia experimentado, e nunca mais o visco dos maus hábitos teve sobre a minha emoção o mesmo fascínio de antes!...
Quando tive a oportunidade de apropriar-me de bens e riquezas, beneficiando-me indevidamente em detrimento da lei, Tua e dos homens, estava escrito que eu me deixaria arrastar... Porém, vi Tua preocupação sobre meus movimentos e devolvi, incontinenti, o que não me pertencia e aprendi no trabalho honesto a cuidar de mim e a bastar-me com desvelo e probidade!...
Quando os compromissos assumindos tornaram-se incômodo obstáculo ao que supunha ser felicidade, estava escrito que eu desertaria... Mas, antes que eu abadonasse os meus deveres, complicando-me o próprio destino, Tu me mostrou a tua inalterável paciência para comigo, não obstante todos os meus erros e defeitos, e eu voltei atrás, reconsiderando votos e promessas, para amar um pouco mais e entregar em Tuas mãos o término da minha provação!...
Quando adoeci e a dor chegou-me dizimando as forças, quando meu corpo maltratado enfraqueceu minha alma de toda fé e toda coragem, estava escrito que eu não sobreviveria... Mas então vi os padecimentos que suportastes em nome do amor imenso que nos devotas, e silenciosamente trabalhei minha recuperação para prosseguir vivendo, produzindo e auxliando, com muito mais alegria e disposição que antes!...
Quando o abismo abriu-se aos meus pés e a idéia da morte afigurou-se-me com única saída, estava escrito que eu me deixaria cair... Mas entre as vibrações do desespero insano em que me arrojava, eu senti Teu abraço a proteger-me a vida e desde então procuro amar-me com Tu me amou naquela hora triste, reconhecendo na existência humana precioso estágio de superação de medos, fugas e fraquezas!...
Em minha vida toda, meu Deus, estava escrito que tropeçaria nas deficiências e dificuldades que trago comigo... Estava escrito, não por Tuas amorosas mãos, mas pela minha própria fragilidade humana, que eu não seria capaz de vencer a mim mesmo, que entre todas as tentações, vícios, covardias e más tendências, eu me enredaria mais uma vez e fracassaria... Mas, e como o meu coração se alegra hoje ante esta constatação, está escrito também que Tu modificas todos os dias o nosso destino com a força do amor que nunca nos abandona, e permaneces ao nosso lado, caminhando conosco, passo a passo, até nos saber capazes e seguros para seguirmos com nossas próprias forças, rumo à glória que nos está destinada em Teu reino eterno de Amor, Paz e Justiça, para todo o sempre!
Assim seja!
André Luiz, IDEAL André, 15.04.2003*

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

ESTAVA ESCRITO


ESTAVA ESCRITO
(José Carlos Leal)

Permitam-me que eu abra este capítulo contando um velho mito grego: o Mito de Édipo que serviu de tema a uma bela peça de Sófocles intitulada Édipo-Rei. Vamos, porém, ao mito.
Laio, o rei de Thebas, era casado com Jocasta. O rei vivia muito angustiado porque a rainha não tinha filhos e elejulgava necessário um herdeiro que lhe sucedesse no trono. Na sua aflição, Laio decidiu consultar o oráculo de Apoio para saber se a esterilidade do casal duraria para sempre.
Em uma certa manhã, Laio e Jocasta foram ao santuário, bastante ansiosos, e o rei interrogou a Pythia (sacerdotisa de Apoio nos oráculos). Após um longo silêncio, o deus falou através de sua médium: "Laio, terás o filho que desejas, porém, melhor seria que não o tivesses porque ele matará o pai e se casará com a própria mãe."
O casal, como seria de esperar, deixou o santuário desesperado com aquilo que o destino lhes havia reservado. Pouco tempo depois, Jocasta ficou grávida e deu à luz um menino. Laio, querendo driblar o destino, chamou um pastor de sua confiança e lhe deu ordens para que matasse a criança. 
O homem pegou o príncipe recém-nascido das mãos do próprio rei e o levou a Monte Citeron, lugar inóspito habitado por animais selvagens. Ali ele amarrou o menino pelos pés no galho de uma pequena árvore, crendo que seu choro atrairia as feras ou mesmo que ele viesse a morrer pelo incômodo da posição em que havia sido colocado. Feito isto, partiu para dar ciência ao soberano de que a sua missão estava cumprida.
Mal, porém, o homem de Laio se afastara , passou por ali um cidadão, da vizinha cidade de Corinto, que, vendo a criança chorando, apiedou-se dela e, libertando-a levou-a consigo. Em Corinto, conforme o costume local, ele teve que apresentar a criança ao rei que, não tendo filhos, tomou-a para si e a criou como se fosse um príncipe real. Como os pés da criança se mostrassem deformados, por causa da corda que os havia amarrado, o monarca deu-lhe o nome de Édipo que significa pés inchados.
Édipo cresceu desconhecendo por completo a própria identidade. Um dia, durante um banquete, houve uma desavença entre Edipo e um dos convidados. Em um certo momento 
mais duro da discussão, o nobre coríntio falou irritado ao príncipe:
"Melhor farias, Edipo, se fosses descobrir a tua própria origem." Houve na sala um silêncio constrangedor, que logo foi contornado, e o banquete prosseguiu normalmente, 
entretanto, o homem, sem o querer, havia plantado no coração de Édipo o espinho da dúvida. Assim, no dia seguinte, Édipo decidiu que iria resolver o seu problema. 
Com esse intuito, deixou a sua casa em Corinto e foi consultar um oráculo, o mesmo em que seu pai e sua mãe verdadeiros - Laio e Jocasta - haviam ido anos antes de seu nascimento. Logo depois que iniciou a sua sessão com a Pythia, o deus se manifestou, irado, dizendo: "Fora daqui, parricida e incestuoso!" Édipo sai do santuário cambaleante. Do lado de fora, procurando manter o sangue frio, interpretou as palavras do oráculo como uma profecia segundo a qual mataria Políbio e desposaria Peribéia, reis de Corinto e únicos pais que ele conhecia.
Assim pensando, Edipo decide que não voltaria mais para Corinto, porquanto, agindo desse modo, a funesta profecia não se realizaria. Iria, pois, para a cidade de Tebas onde não poria em risco pessoas que lhe eram tão caras. Resolvido, pôs-se a caminho. Numa encruzilhada em Dauris, perto de Tebas, em um lugar onde a estrada se tornava muito estreita, viu um carro que vinha na sua direção. Como a estrada não comportasse um carro e um pedestre, o cocheiro parou e disse a Édipo que saísse de sua frente para que o carro pudesse passar. Édipo recusou-se a fazer o que lhe era pedido. Um velho que acompanhava o cocheiro (e que outro não era senão Laio) interferiu. Edipo trocou com ele palavras ásperas e o ancião, descendo do carro, tentou agredi-lo sendo morto pelo jovem. Vendo o rei sucumbir, os que o acompanhavam fugiram apressadamente.
Édipo prosseguiu sua viagem até que chegou às portas de Tebas. Exatamente ali ficava a Esfinge, um monstro com corpo de leão, asas de águia e cabeça humana que a deusa Hera havia enviado contra a cidade. A Esfinge costumava propor aos que passavam um enigma que, se não fosse resolvido, o monstro matava o interrogado. Assim, quando Édipo passou, a Esfinge cortou-lhe os passos e perguntou-lhe: "Qual o animal que, ao alvorecer, anda com quatro pés, ao meio-dia, com dois e, à noite, com três?" Édipo respondeu: "Esse animal é o homem que no início da vida, engatinha, na fase adulta anda sobre dois pés e na velhice, para se locomover, se utiliza de uma bengala (terceiro pé). A Esfinge, desvendada, atirou-se em um abismo e desapareceu.
            Vencedor da Esfinge, Édipo entrou na cidade sob aclamação do povo.
Creonte, irmão de Jocasta e rei interino, como prêmio pelo serviço prestado aos tebanos, deu a Édipo a mão de sua irmã, Jocasta, recentemente viúva, já que Laio havia morrido fora da cidade em circunstâncias não muito claras.
Com isso, a profecia do oráculo se cumprira por completo: Édipo matara o pai e se casara com a mãe. Esse mito demostra uma concepção de destino que os gregos antigos chamavam de moira ou destino cego. O mito de Édipo segue a fórmula: "ninguém foge ao seu destino".
Esse ponto de vista, os fatos de nossa vida, principalmente o nascimento, o casamento e a morte estão determinados por forças externas ao homem e nada, nem ninguém, pode altera-los. Em verdade, Édipo matou o pai e se casou com a mãe no dia de seu nascimento, a concretização desses acontecimentos dependia apenas da maturidade física do herói. Por isso, tanto Laio quanto Édipo, tentaram inutilmente driblar o destino e impedir que as profecias tivessem lugar. É irônico o fato de Édipo correr na direção do destino quando imagina estar fugindo dele.
Conta uma antiga tradição que em Bassorra vivia um homem muito rico que possuía muitos escravos. Um dia, enviou um de seus escravos ao mercado para fazer algumas compras. O homem voltou desesperado e explicou ao senhor que havia visto a morte no mercado e que esta o havia olhado de um modo que gelara o seu sangue. Por certo, ela estava ali para buscá-lo. Por isso pedia a seu amo que permitisse sua partida para Bagdad a fim de evitar aquele encontro. O homem, que era bondoso, permitiu.
O escravo partiu imediatamente. O senhor, entretanto, muito impressionado com a narrativa de seu escravo, foi ao mercado e lá encontrou-se com a morte. Então, lhe
perguntou:
- Por que você veio buscar o meu escravo?
- Eu? Não. Não vim a Bassorra para isso.
-Como não! Meu escravo ficou horrorizado pelo modo como você o olhou.
- Sim. Eu estava admirada por vê-lo em Bassorra porque tenho um encontro com ele, á noite, em Bagdad.
Esse conto popular, como no caso de Édipo, reflete muito bem a fórmula grega (também comum ao mundo árabe) segundo a qual é impossível escapar ao que está decretado pelo destino. Esta concepção, rigidamente determinística, passou para a cultura popular e é expressa em frases como: Deus escreve certo por linhas tortas; casamento e mortalha no céu se talha; quem morre na véspera é peru; o que édo homem, bicho não come, quem nasceu para dez réis, não chega a vintém; o que tem de ser será e assim por diante. Esse tipo de doutrina possui um caráter limitador e conformista que nos impede de modificar a nossa vida por acreditarmos que tudo está escrito antes do nosso nascimento e que nada poderemos fazer para mudar.
Uma outra conseqüência dessa maneira de ver a vida, é o surgimento de grande número de espertalhões que vivem a explorar a ansiedade das pessoas com respeito ao futuro e passam a vender ilusões àqueles que estão dispostos a compra- las. As pessoas ansiosas com o que vai acontecer no futuro, não raro, se esquecem do presente.
Não podemos perder de vista o fato de que hoje construímos o nosso amanhã. A minha felicidade, ou infelicidade, futuras dependem do rumo que estou dando à minha vida agora. Assim, a pessoa previdente que amealhou recursos ao longo de sua vida, que fez amigos sinceros, que cuidou da saúde sendo parcimonioso na alimentação e evitando os vícios, terá, por certo, uma velhice tranqüila; mas, se foi imprevidente, perdulário, incapaz de fazer amizades e vítima de vícios, com toda a certeza terá grandes chances de acabar pobre, doente, triste e só.
O que a Doutrina Espírita tem a dizer sobre isso? Será o Espiritismo uma doutrina determinística? Ao defender a tese do livre-arbítrio, a Doutrina dos Espíritos dá um golpe profundo na concepção tradicional do destino. Édipo poderia ser ou não ser incestuoso e parricidajá que carecia de livre-arbítrio. Ele só poderia fazer o que fez e não outra coisa. Não havia alternativa.
Contudo, aqui há uma dificuldade. A DoutrinaEspírita nos fala de compromissos que assumimos no Plano Espiritual antes de nosso nascimento. Isso é verdade, mas não se trata de destino. Quando Jesus começa a sua vida pública, recruta os seus auxiliares: os apóstolos. Jesus não conversa com eles, não os convence a segui-lo nem os persuade, oferecendo vantagens, ele fez um convite e o convite dele, como no caso de Levi (Mateus), foi aceito prontamente.
Acreditamos que os apóstolos diretos de Jesus tinham, antes de encarnar, assumido um compromisso com ele, na hora de ratificar esse compromisso, eles o fizeram sem
vacilar. Tomemos, entretanto, um outro exemplo. Conta-nos os evangelhos que, um dia, umjovem muito rico aproximou-se de Jesus e lhe perguntou o que deveria fazer para alcançar o Reino dos Céus. Jesus lhe perguntou se ele seguia a lei de Moisés e os ensinamentos dos profetas e ele disse que sim. Então Jesus lhe diz:
"Dá tudo o que é teu aos pobres, segue-me e terás um tesouro no céu."

O rapaz era livre para escolher entre abrir mão de sua fortuna pessoal e seguir Jesus ou não renunciar à vida material e prosseguir fora do reino dos Céus. Ele escolheu não abrir mão de suas posses e continuar materialmente rico. 
Imaginemos, só para argumentar, que o moço nascera com a proposta de superar o apego ao dinheiro, porém, falhou na hora de dar o seu testemunho. Os apóstolos não falharam, mas ele falhou.
 Assim, como se pode ver, há uma diferença considerável entre comprometer-se com alguma coisa e estar destinado a realizá-la.
Nós somos livres para tomar as nossas decisões. Há, no Velho Testamento, uma passagem fantástica com respeito à liberdade humana. Moisés havia reencarnado para realizar 
uma profunda transformação religiosa. 
No entanto, na hora em que foi chamado por Jeová a fim de dar início a seu trabalho, tremeu.
 O Espírito do Sinai percebe a sua hesitação, sabe que precisa dele para realizar a tarefa que deve ser realizada, porém, não o obriga, convence-o a fazer o que deve, destruindo os argumentos que Moisés expõe para se desviar da rota que ele mesmo havia traçado.
Saulo de Tarso é um outro exemplo de espírito compromissado com uma tarefa importantíssima para a evolução do planeta. Ele foi o espírito escolhido para levar o 
Evangelho de Jesus aos gentios, ou seja, ao mundo não judeu. Por certo foi consultado e aceitou a missão.
Na terra, encarnado, Saulo deixou-se levar por outros interesses, mas Jesus o desperta no Caminho de Damasco. Outros exemplos como o de Santo Agostinho e Francisco de Assis, podem ser trazidos para aqui corroborando a nossa tese. Nenhum desses espíritos estava fadado - no sentido grego desta palavra - a realizar as tarefas que realizaram. 
Não estavam obrigados, a não ser pela integridade de seus caracteres, a levar a cabo o trabalho que deveriam executar.
Esta idéia é muito útil para as pessoas conscientes. Não somos determinados, por qualquer tipo de força externa, a fazer ou deixar de fazer alguma coisa. 

O poeta alemão Rilke escreveu certa vez: "Já tiveram que ser repensadas muitas noções relativas ao movimento, acabará acontecendo que, aos poucos, aquilo que chamamos destino sai de dentro dos homens em vez de entrar neles."(Rilke. Cartas a um jovem Poeta).
Somos, portanto, livres para errar ou acertar e por isso, responsáveis por tudo o que nos acontece de bom ou de mau. Imprimir qualidade à sua vida é, antes de mais nada, ter consciência de sua própria liberdade e preparar-se todo o tempo para exercê-la de um modo produtivo.

Dicas para cumprir as missões de vida que você planejou no plano espiritual, antes de nascer

Dicas para cumprir as missões de vida que você planejou no plano espiritual, antes de nascer








Antes de nascer, o espírito prepara sua encarnação com o auxílio de outros espíritos mais evoluídos. Juntos decidem: você vai reencarnar com quais objetivos? Quais as metas a serem conquistadas nesta nova etapa da vida?

Alguns podem nascer com a meta de aprender a controlar a raiva. Outros para controlar seu orgulho, etc. O espírito reencarna com vários objetivos a serem atingidos; estes objetivos são as MISSÕES DE VIDA.

vida do espírito encarnado é preparada para que ele possa atingir estes objetivos, se enfrentar os desafios e aprender. A vida é uma sala de aula, e as missões de vida são as lições prioritárias a serem aprendidas.

Perguntas muito comuns: como posso descobrir as minhas missões de vida? O que posso fazer para cumprir cada uma delas?


O trecho abaixo foi retirado do livro Nascer Várias Vezes:

“Marcelo Augusto era um bom pai, trabalhador e presente na vida dos filhos. Mesmo assim, quando acontecia algum problema em família ele tinha um desejo enorme de sair de casa e sumir da vida da mulher e dos filhos. Sua fantasia era que os filhos não gostavam dele e o abandonariam. Seus filhos tinham um, quatro e oito anos. Eram crianças pequenas, que o adoravam. Mas, a insegurança sempre reaparecia ao menor problema. Um dia ele ficou bravo com o filho mais velho e, impulsionado por uma angústia muito grande, trancou-se no quarto. Em pouco tempo, a vontade de ir embora era incontrolável. Saiu do quarto, pegou o carro e foi embora dizendo que nunca mais o veriam de novo. Ele dirigiu pela cidade e chegou a uma rodovia disposto a desaparecer de tudo e de todos. Um pensamento ficou reverberando na sua mente: “você vai começar tudo de novo? Tudo outra vez? Você vai fazer tudo igual de novo”? Aquele pensamento o chocou. Ele parou o carro na beira da estrada e tomou a decisão: “desta vez não vou desistir dos meus filhos”. Voltou para casa onde encontrou toda a família chorando. Depois dessa situação ele procurou a terapia.” (pag 69)


A vida do Marcelo Augusto, uma das 43 descritas no livro Nascer Várias Vezes, mostra um conflito pessoal muito grande. Ele teve uma pequena desavença com o filho, o que  desencadeou uma tempestade emocional dentro dele. Ao mesmo tempo em que ele tentou fugir, um outro lado de sua mente emitiu um sinal diferente: “você vai fazer tudo igual de novo?”.

Antes de nascer, no plano espiritual, o espírito que encarnou como Marcelo Augusto decidiu que enfrentaria o desafio de construir e manter uma família unida, baseada no amor e no respeito mútuo. Para este espírito, com muitas encarnações com vidas familiares desastrosas, era um desafio muito importante e difícil. Uma de suas missões de vida era: nascer, crescer, casar e manter sua família unida. Ele era capaz de atingir este objetivo, mas teria que enfrentar suas limitações internas.



Regra um: toda missão de vida possui desafios a serem superados pelo espírito encarnado. Mesmo não sendo fácil, o espírito possui plenas condições de realizá-la. Jamais é dada a alguém uma missão que ele não pode cumprir.

Ou seja, para realizar uma missão de vida a pessoa deve tornar-se melhor. Ela deve aprender e desenvolver qualidades e habilidades úteis ao espírito. Ninguém nasce 100% preparado para cumprir suas missões de vida (exceção dos espíritos de luz que encarnam como missionários). O objetivo da encarnação é que o espírito amadureça, aprenda e se desenvolva. Portanto, cada missão exige que a pessoa tenha condição de realizá-la; desde que desenvolva as habilidades e qualidades necessárias.

Regra dois: a imensa maioria das suas missões de vida está na sua frente.  Está no seu presente, no aqui-agora. Se não estiver no seu presente, você realizará escolhas ou tomará decisões que te encaminhará até elas ou próximas delas. Todavia, o passo decisivo para realizá-la dependerá de sua escolha pessoal.

Explicando de uma forma mais simples: quase tudo que você vive está relacionado com suas missões de vida. Um homem largou a faculdade para ter dinheiro para comprar um carro. Toda sua família disse que aquilo era uma loucura, mas ele fez. Perdeu a oportunidade de melhorar de vida no futuro, para ter uma satisfação no presente. Ele não precisava saber de sua vida no plano espiritual para tomar a decisão de romper com a impulsividade e o imediatismo que dominava sua mente. Uma de suas missões de vida era lutar contra sua impulsividade (querer tudo agora e não conseguir plantar algo para colher no futuro). A vida no aqui-agora, mostrava para ele esta necessidade. É muito importante prestar atenção na vida real, ela é o maior SINAL  que indicaquais qualidades que a pessoa deve desenvolver para cumprir suas missões de vida.

A vida é uma lição. Para aprender e vencer você deve fazer o que é necessário e nãoficar escolhendo o tempo todo. A pessoa decide o que quer (quero ser advogado, vou fazer o curso de direito – por exemplo) quando a pessoa toma a decisão inicial (foco).Após a decisão inicial ela deve desistir de continuar decidindo; deve fazer o que é o necessário. Ela não pode decidir se assistirá aula ou não; ela deve enfrentar odesafio de assistir as aulas, pois este é o foco da decisão inicial. Tudo que te desviar do seu foco são dificuldades que você deve enfrentar para se tornar uma pessoa melhor. As dificuldades para atingir o foco te avisarão quais são as qualidades que você deve desenvolver para cumprir suas missões de vida.

Preste atenção: As dificuldades para atingir o foco te avisarão quais são as qualidades que você deve desenvolver para cumprir suas missões de vida.

Exemplo: Maria lutou muito para estudar. Com muita disciplina e perseverança ela conquistou seu diploma e cresceu na empresa na qual trabalhava. Sua relação com a mãe, desde a infância, foi muito complicada e dolorosa. A mãe envelheceu e adoeceu. Maria cuidou da mãe até ela falecer. A disciplina que desenvolveu tornou mais fácil vencer o desafio de cuidar da mãe. Aos poucos, ela perdeu a raiva e mágoa que guardava do espírito que era sua mãe e que já havia estado ao seu lado em outras encarnações. Ao cuidar da mãe nos momentos finais da vida é que conseguiu superar desavenças de várias encarnações e cumprir uma de suas missões de vida. Por ter desenvolvido disciplina é que pode escolher cuidar da mãe (se não cuidasse não conseguiria superar a raiva dentro dela). Mas, houve também outros SINAIS (que explicarei mais à frente).

Resumindo: você não precisa se lembrar do plano espiritual e saber quais são suas missões de vida porque cada momento da vida traz desafios que devem ser vencidos e que estão relacionados direta ou indiretamente com as suas missões de vida. Preste atenção no seu presente e aprenda as lições que a vida quer te ensinar. Se você realizar esta tarefa “simples”, você estará cumprindo suas missões de vida.

Todavia, é muito importante entender o que são os sinais.  Quase todos os sinais são informações que seu espírito manda para sua consciência. Marcelo Augusto recebeu esta informação de forma clara e objetiva, como uma frase que “ele ouviu” e fundamentou sua decisão de voltar para casa.

Para entender os sinais você deve ter em mente o seguinte: “Você é muito maior do que suas poucas décadas de vida. Existe muita sabedoria acumulada ao longo de milênios. Parte desta sabedoria está inscrita em sua mente. O espírito que você é cumpre o papel de influenciar sua mente desde a concepção até hoje. A “disputa” é: quanto desta sabedoria será capaz de influenciar sua consciência?”  ( do texto: Para evoluir é necessário reencontrar a autenticidade do próprio espírito )

Ou seja, o espírito fica o tempo inteiro interagindo com o corpo/mente/consciência. Se a pessoa escutá-lo, será mais fácil perceber os sinais. Se ela se mantiver alienada, confusa ou com a mente desequilibrada será muito mais difícil perceber os sinais.

Existem vários tipos de sinais. Pode ser, por exemplo, a lembrança de alguém – algumas vezes estas lembranças são estimuladas pelo espírito com a finalidade de levá-lo a ficar mais próxima desta pessoa. Pode ser a sensação de bem estar ou mal estar perto de uma pessoa, sem que haja motivo aparente. São milhares de tipos de estímulos, porque o espírito estimula o corpo, os sentimentos, as sensações e as intuições o tempo inteiro. Com isto, acaba direcionando a vida da pessoa para as proximidades das situações necessárias para realizar as missões de vida.

Casais que possuem planejamento de se juntarem durante a reencarnação - planejamento realizado no plano espiritual - podem se conhecer em meio a milhares de pessoas. Ao se verem, o espírito estimula a consciência a se aproximar daquela pessoa. O espírito tem inscrito nele sua missão de vida e estimulará para que ela aconteça. O estímulo pode se transformar em ação ou não. Daí a importância de aprender a “escutá-lo”.

Atenção:  A consciência tem sempre a palavra final. O espírito pode, por exemplo, estimular a pessoa a se aproximar de outra para realizar sua missão de vida. A consciência decide. Ela pode decidir se aproximar, ou pode decidir ir para o bar pegar mais uma cerveja. O espírito emite sinais, dicas, tendências, interesses, sensações; mas quem decide é a consciência. É o livre arbítrio.

Os sinais mais poderosos são os potenciais que você traz dentro de si e que podem ser desenvolvidos ou não. Os potenciais são formados por recursos desenvolvidos em outras encarnações e que se forem estimulados desenvolvem rapidamente. Liderança, paciência, percepção de risco e centenas de outras qualidades e habilidades podemestar dentro de você como potenciais.  Estes potenciais desenvolvem se forem estimulados. Caso contrário, permanecem apenas como potenciais.

O espírito age para que você cumpra suas missões de vida. Ele te encaminha para o caminho que você tem que trilhar. Para caminhar por este caminho é necessário desenvolver qualidades e habilidades (além de aproveitar os potenciais pessoais). Estas qualidades e habilidades são desenvolvidas no dia-a-dia, a partir da realidade da vida. Se a pessoa aprender as lições que a vida quer ensinar e for coerente com suas decisões iniciais, irá necessariamente se fortalecer e desenvolver as qualidades que necessitará para realizar e ter sucesso em suas missões de vida.

Suas missões de vida estão na sua frente; estão presentes nos desafios que você enfrentará no seu dia-a-dia. Estão presentes nos sinais que receberá do seu espírito e “da vida”. Preste atenção nos sinais e tenha coragem de se tornar uma pessoa melhor a cada desafio.



Autor: Regis Mesquita

AUTO-ACOLHIMENTO

AUTO-ACOLHIMENTO


Não importa a razão: quando nos sentimos desajustados em nós mesmos, tornamo-nos reféns de nossa própria autocrítica. Muitas vezes, quando passamos alguma vergonha (seja por algum motivo relevante ou não) ficamos presos a um estado interno que nos coloca cada vez mais para baixo. O mesmo pode ocorrer quando somos agredidos ou simplesmente fomos mal atendidos. 
Quando o desconforto próprio ou alheio entra dentro de nós, só nos resta cuidar deste mal-estar. Se os outros (ou nós mesmos) nos tratam mal, ainda assim, podemos nos tratar bem! A alavanca para mudar este sistema é saber nos autoacolher.
Autoacolhimento é estar disponível para nós mesmos: abrir espaço interior para nos recebermos. Mas, se nossa linguagem interna soar hostil, não iremos querer nos autoescutar. Naturalmente, se nos sentirmos desconfortáveis, vamos querer cair fora, mas para onde ir quando o mal-estar está instalado em nosso íntimo?
A primeira coisa a fazer é parar de nos colocar para baixo. Dizer a nós mesmos repetidas vezes: "Ok, isso de fato ocorreu, agora cabe a mim diluir esse impacto, escolho me autoacolher". Quando agimos assim, acionamos nossa base interna de segurança, pois, passamos a estar disponíveis para nos receber ao invés de nos criticarmos ainda mais.
Autoacolher-se não quer dizer ser condescendente com os próprios erros. Mas, sim, tratar a nós mesmos com gentileza à medida em que admitimos nossas falhas. 
Autoacolher-se não quer dizer justificar nossa fraqueza como vítimas de consequências injustas. Mas, sim, dar a nós mesmos a chance de nos levantarmos assim que caímos. 
Quando pararmos de nos rejeitar, conseguiremos nos aproximar de nós mesmos a ponto de escutar nossas reais necessidades internas. A questão é que muitas vezes estamos tão sobrecarregados pela sensação de não nos sentirmos atendidos, que sequer conseguimos escutar nossos pedidos internos. Mas, à medida em que permanecemos ao nosso lado, mesmo que inconformados com o ocorrido, passamos a nos escutar.
Validar nossas necessidades é outra forma de nos autoacolher. Depois que reconhecemos o direito de nos darmos algo, agora precisamos agir de modo coerente para recebê-lo. Se quisermos ser respeitados em nossos limites, precisaremos inicialmente ser sinceros para reconhecê-los. 
Por exemplo, muitas vezes dizemos, sim, quando na realidade queríamos dizer não, simplesmente porque não levamos a sério nossos limites e necessidades. Isso ocorre porque não aprendemos a escutá-los. O medo de lidar com a decepção alheia é um reflexo da incapacidade de nos auto-acolhermos diante de nossos próprios limites!
Portanto, podemos sempre ampliar nossas possibilidades internas na medida em que nos mantivermos em contato com nossa base interior. Esta não é uma atitude egocentrada, na qual o outro não é levado em consideração. Mas, simplesmente, parte do processo diário do desenvolvimento interior. Sabermos nos respeitar é uma forma saudável de liberarmos o outro de nossas expectativas exageradas. 
Quando nos autoacolhemos, podemos ser quem somos. Livres da pressão interna de corresponder a expectativas que ainda não estamos prontos para cumprir, podemos relaxar e gradualmente gerar novas forças para seguir adiante. Uma vez confortáveis com nossa base interior, podemos nos preparar para receber melhor o outro, seja em sua alegria ou desconforto...


quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

ORAÇÃO DA FRATERNIDADE

ORAÇÃO DA FRATERNIDADE


Senhor!
Somos uma só família de corações a se rearticularem no espaço e no tempo, aprendendo a servir-Te. Ensina-nos a ser mais irmãos uns dos outros. Ajuda-nos para que seja cada um de nós a complementação do companheiro, naquilo em que o nosso companheiro esteja em carência. Se um tropeça, dá que lhe sirvamos de apoio, se outro descansa, ampara-nos a fim de que lhe tomemos o lugar na tarefa sem reclamação e sem queixa. Ilumina-nos o entendimento para que nos convertamos em visão para aqueles que ainda não conseguem enxergar o caminho claro que nos traçaste; o ouvido atento para quantos se incapacitarem no trabalho, entorpecidos na indiferença; a tranqüilidade para os que venham a cair na discórdia e a compreensão de todos os que ainda não logram divisar a luz da verdade!
Senhor, guarda-nos em teu infinito amor para que nos devotemos fielmente uns aos outros e ainda que a névoa do passado nos entenebreça os caminhos do presente, favorecendo-nos a separação ou o desajuste, dá que o clarão de Tua bênção nos refaça as energias e nos restabeleça o senso de rumo para que nós todos, unidos e felizes, sejamos invariavelmente uma família só, procurando escorar-nos, no apoio recíproco, de modo a que, um dia, estejamos integrados em teu serviço na alegria imortal para sempre.
pelo Espírito Bezerra de Menezes - Do livro: Taça de Luz, Médium: Francisco Cândido Xavier - Espíritos Diversos.

Our Story In 2 Minutes

VIVER BEM


VIVER  BEM

       Cuida dos pensamentos na aldeia da mente, buscando identificá-los com as lições evangélicas.
        Modelas as ideias nas sentenças que os preceitos do Cristo determinam, com a amplitude que o progresso requer.
        Saiba ouvir os outros, como se fosses tu quem estivesse falando, selecionando os assuntos e guardando o que te convém.
        Vigia a boca, de modo que o verbo fale construindo, acreditando mais na expressão do exemplo.
        Perdoa esquecendo faltas, sem o império da falsidade e sem esquecer a oração em favor daqueles que, por vezes, te ofendem.
        Respeita o direito alheio, como queres ser respeitado; cada criatura é um mundo em posição diferente, com deveres e direitos ante a vida.
        Estuda de tudo, rejeitando o que possa te levar à desarmonia.
        Estimula a alegria, sem que ela se mostre no barulho que incomoda; a verdadeira felicidade se irradia no silêncio.
        Trabalha sempre com o traço da honestidade, sem te esqueceres das horas de lazer; o equilíbrio em tudo é paz no coração.
        Ama a Deus em tudo, pelos canais da caridade, do mínimo ao máximo, pelo móvel das tuas ações.
        Meditando e agindo desse modo, Deus ficará mais presente em ti e Jesus passará a ser teu companheiro lado a lado, em toda a tua vida, não porque o Senhor e o Mestre se aproximam mais dos que andam retamente no bem, mas porque despertarás os teus valores, de modo a reconhecê-los nas cidades do coração e da consciência.

(De “Páginas Esparsas 4”, de João Nunes Maia, pelo Espírito Lancellin

ESCLARECIMENTO ACERCA DA VIDA PÓS MORTE

ESCLARECIMENTO ACERCA DA VIDA PÓS MORTE

André Luiz
Francisco Cândido Xavier

    "Quando alinhamos nossas despretensiosas anotações acerca de "Nosso Lar" (1), relacionando a nossa alegria diante da Vida Superior, muitos companheiros inquiriram espantados: - "Afinal, o que vem a ser isso? Os desencarnados olvidam assim a paragem de que procedem? Se as almas, em se materializando na Terra, chegam do mundo espiritual, por que as exclamações excessivas de júbilo quando para lá regressam, como se fossem estrangeiros ou filhos adotivos de nova pátria?"
    O assunto, simples embora, exige reflexão.
    E é necessário raciocinar dentro dele, não em termos de vida exterior, mas de vida íntima.
    Cada criatura atravessa o portal do túmulo ou transpõe o limiar do berço, levando consigo a visão conceptual do Universo que lhe é própria.
    Almas existem que varam dezenas de reencarnações sem a menor notícia da Espiritualidade Superior, em cuja claridade permanecem como que hibernadas, na condição de múmias vivas, já que não dispõem de recursos mentais para o registro de impressões que não sejam puramente de ordem física.
    Assemelham-se, de alguma sorte, aos nossos selvagens, que, trazidos aos grandes espetáculos da ópera lírica, suspiram contrafeitos pela volta ao batuque.
    E muitos de nós, como tantos outros, em seguida a romagens infelizes ou semicorretas, tornamos do mundo às esferas espirituais compatíveis com a nossa evolução deficiente, e, além desses lugares de purgação e reajuste, habitualmente somos conduzidos por nossos Instrutores e Benfeitores para ensaios de sublimação a círculos mais nobres e mais elevados, nos quais nem sempre nos mantemos com o equilíbrio desejável, já que nos achamos saudosos de contato mais positivo com as experiências terrestres.
    Agimos, então, como alunos inadaptados de Universidade venerável, cuja disciplina nos desagrada, por guardarmos o pensamento na retaguarda distante, ansiosos de comunhão com o ambiente doméstico, em razão do espírito gregário que ainda prevalece em nosso modo de ser.
    Como é fácil observar, raras Inteligências descem, efetivamente, das esferas divinas para se reencarnarem na esfera física.
    Todos alcançamos as estações do berço e do túmulo, condicionando nossas percepções do mundo externo aos valores mentais que já estabelecemos para nós mesmos, porque todos nos ajustamos, bilhões de encarnados e desencarnados, a diferentes faixas vibratórias de matéria, guardando, embora, o Planeta como nosso centro evolutivo, no trabalho comum.
    Desse modo, a mais singela conquista interior corresponde para nossa alma a horizontes novos, tanto mais amplos e mais belos, quanto mais bela e mais ampla se faça a nossa visão espiritual.
    Construamos, pois, o nosso paraíso por dentro.
    Lembremo-nos que os grandes culpados que edificaram o inferno, em que se debatem, respiram o ambiente da Terra – da Terra que é um santuário do Senhor, evolutindo em pleno Céu.
    Nosso ligeiro apontamento em torno do assunto destina-se, desse modo, igualmente a reconhecermos, mais uma vez, o acerto e a propriedade da palavra de Nosso Divino Mestre, quando nos afirmou , convincente: - "O reino de Deus está dentro de nós." - André Luiz, 1º de setembro de 1955, Uberaba, MG
1)Primeiro livro ditado por André Luiz à Francisco Cândido Xavier, e que deu origem à série.
(Do livro "Vozes do Grande Além", pelo Espírito André Luiz, Francisco Cândido Xavier