sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Amar o Amor





Amar o Amor




     Amar!...Eis o único meio de sermos felizes.

     Amar com sublimidade, amar com desapego, amar o amor!...

     Direis: que significa amar o amor?

     O amor é o sentimento que traduz todos os ensinamentos de Jesus. Ele é a chave que abre todas as portas. É a luz que ilumina todas as estradas. É a bússola e o cajado do viajor. Por meio dele venceremos todas as provas, superaremos todas as situações.

     Para sentir assim o amor, muito teremos que lutar dentro de nós. Precisamos, como nas sábias lendas infantis, “vencer o dragão”.




          Em nós há um acúmulo de energias latentes. Essas energias são forças geradoras. Em estado potencial elas são cegas. Mal dirigidas, fazem-nos viver num inferno, em vida. Arrastam-nos para o caos das baixas paixões, dos sentimentos inferiores.

     E, como para se descer é muito fácil, não percebemos que estamos afundando. As trevas se nos assemelham à luz, e as consequências dessa descida é dor, desespero e angústia.

     Essas energias, no entanto, são a vida da nossa vida, quando bem dirigidas e controladas, não tendendo nem para a direita nem para a esquerda, conservando-se no fiel da balança, e desse modo equilibradas elas nos conduzem a um céu na Terra.

     Portanto, pelo amor, no seu verdadeiro sentido, pelo amor equilibrado, alcançaremos a felicidade sonhada.




     Todos amam, mas poucos são felizes, apesar de amarem. É que o amor quase sempre é interesseiro e egoísta.

     Não é fácil sentir o amor na sua vibração mais pura. O amor desinteressado, que renuncia e é enérgico, quando precisa ser. Amor que não vê barreiras nem preconceitos, raça nem família: “Minha mãe e meus irmãos são todos aqueles que fazem a vontade do Pai que está nos Céus”. Assim se expressou Jesus.

     Quando conseguirmos fazer da humanidade a nossa família, e do universo a nossa pátria comum, então estaremos vivendo o Amor com A maiúsculo.




          Nesse dia, seremos todos felizes de verdade e não haverá precipícios, barreiras, empecilhos, nem trevas à nossa frente. À nossa aproximação, tudo cederá, tudo se transformará.

     Lutemos, caros irmãos, pela conquista desse sentimento que encerra toda a grandeza de Deus.

     Não percamos as oportunidades que surgirem de nos reformarmos, de transformarmos em nós tudo que seja contrário à nossa evolução. Assim estaremos amando o amor.




segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Semeando em solo seco

Semeando em solo seco

Diálogo entre Sócrates e o Doutor Bezerra de Menezes no plano espiritual. Ambos trabalham arduamente pela renovação dos conceitos humanos segundo as recomendações de Jesus…
Com a sua incansável paciência, lá estava o luminoso Espírito, perambulando cpmo outrora por entre as consciências lúcidas da modernidade, na tarefa de influenciar os neurônios de seus pares encarnados, plantando na rica seara do pensamento as sementes do alerta para as horas do porvir próximo.
- Vejo que sua tarefa está conquistando algumas vitórias, caro Sócrates.

—    Muitas vezes assemelham-se à vitória de Pirro, amável esculápio. Caminhamos dias e dias ao lado de alguns luminosos è inspirados pensadores, seguindo-lhes o raciocínio, inquietados pelos problemas do mundo, falando-lhes do humanismo, das necessidades de justiça real, relembrando-lhes das desigualdades surgidas graças ao culto do egoísmo, tão próprio do hedonismo ancestral e, até aí, nossas intuições alcançam-lhes o âmago* do ser com razoável facilidade.
—    Que bom, excelente! Acabo de deixar o nosso Luiz em situação bem pior do que a sua, eis que ninguém lhe dá ouvidos às intuições amorosas.
—    Pode parecer que sim, mas, infelizmente, não conseguimos prosseguir nos rumos superiores. A maioria dos nossos amigos está encantada com as teses materialistas e, os poucos que se permitem viajar pelas veredas do idealismo, es barram em raciocínios tisnados pelós interesses subalternos, pelos sofismas da modernidade que lhes confundem as interpretações nobres, mesclando conclusões luminosas com o pragmatismo superficial das ansiedades do populacho. Ainda quando pareçam inclinados às meditações espirituais, logo vem à mente as leviandades do público que, na condição de leitores, em sua maioria, não buscam pensamentos como procuram coisas picantes e mundanas, nas superficialidades que vendem. Por isso, a maioria dos pensadores acaba cedendo ao cântico da sereia, migrando para o carreiro da conveniência, recusando-se a corajosa batalha do eu superior contra o ego infeliz. Temem o insucesso tanto quanto o conceito jocoso a que possam estar expostos na opinião de seus pares, caso abordassem temas que por esses fossem considerados burlescos ou ridículos, próprios de mentes inferiores ou místicas.
Contaminados pelo veneno do orgulho, aqueles que se catalogam na categoria de intelectuais que dizem tanto prezar o poder de análise, adotam conduta irracional ao se recusar estudar as leis do Espírito, clara medida de seu preconceito a assinalar sua condição miserável de ignorante que se fantasiam de sábios.
Aqueles que desejam subir nesse palco de purpurina do mundo precisam escolher se falam a língua dos maiorais para serem admitidos ou se aceitam ser exilados por não compartilhar dos mesmos gostos e prevenções.
—    E, meu amigo, o orgulho é simpático a tudo o que o lisonjeia – atalhou Bezerra, sorrindo.
—    Sempre a mesma fórmula do interesse corrompendo o ideal. Entre o medo do ridículo filosófico e o fiasco do insucesso literário ou comercial, escasseia nos pensadores a coragem de pensar com liberdade e independência. Quando lhes suscito ideias de sobrevivência, de urgência no tempo, de fim de período, imediatamente fazem associação com os assuntos atuais de caráter apocalíptico, encaminhando tais sugestões intuitivas à vala comum do religiosismo alarmista, em vez de se permitir a mínima chance de meditação sobre o tema.
Quase me fazem recordar os passeios pelo mercado de Atenas, nas horas de descanso, analisando-lhes as vitrines mentais com suas bugigangas mentirosas, expostas como teorias profundas ou preciosas. E parece que quanto mais agradam ao mercado que procura leviandades, mais se tornam dignos da atenção dos incautos. Quanto mais for a fama conquistada pelo pensador, maior o número de imitadores de suas barbaridades mentais e cultivadores das sementes deturpadas de seu pensamento.
Como os filósofos laicos se vacinam contra as coisas da alma, por vergonha ou despreparo, dediquei-me a influir sobre o pensamento dos chamados escritores médiuns, palestrantes ou oradores com tarefas de difusão de ideias, com a finalidade de cooperar com a iluminação. Certamente que são mais maleáveis do que os primeiros. No entanto, também aqui encontrei interesses mesclados. O desejo de autorrealização, a vaidade dissimulada por falsa humildade, a preocupação com a vendagem de sua produção mediúnica e o interesse de realce com que muitos oradores se exibem, mais preocupados com a própria figura ou fama do que com a mensagem de que se fizeram portadores são escolhos difíceis de vencer. Dentre esses não são poucos os que se bloqueiam quando o tema da transição lhes é colocado. Novamente o despreparo pessoal ou o receio de criar reações adversas, de não ser agradáveis ou simpáticos ao promover um questionamento dos rumos seguidos pelo movimento espírita, tudo isso impede a produção de frutos fecundos, mantendo a maioria do público na ignorância ou na ilusão de comportamentos inadequados.
Eis a marca do homem moderno iludido pela materialidade, bem representado pelo mito de Narciso, o lindo jovem que, encantado consigo mesmo, veio a afogar-se no lago cujas águas refletiam-lhe a própria beleza. E aqui estamos nós, tentando ser novamente o moscardo que zumbe nos ouvidos do Narciso hedonista e intelectualizado para retirá-lo da alienação em que vive, antes que chegue a hora de seu afogamento.
Venho encontrando mais receptividade na mente de jovens inquietos que, envolvidos pela onda de renovação que avassala o psiquismo da alma comprometida com as mudanças, sente que o velho modelo está carcomido e não é mais capaz de se sustentar por si próprio. Então, como outrora, no seio da juventude aberta para as novas fases evolutivas, descompromissada com o veneno da fama e do orgulho vaidoso, tenho conseguido os poucos sucessos inspiradores para a semeadura profícua das noções de mudança. Acompanho–lhes as discussões, renovo-lhes os argumentos, inspiro-lhes novos rumos de pesquisa e meditação para que, observando as contradições de todos os tempos, amplificadas pelas ilusões de materialismo rico de contradições, transformem a indiferença em vontade de mudanças.
Particularmente agradável me é o contato com os jovens espíritas, cuja mente modelada pelos conceitos do consolador prometido é oficina produtiva e indústria de belas ideias.
O único problema, infelizmente, é causado pelos mais velhos, aqueles dirigentes cujos neurônios enferrujaram no cérebro e que, por isso, não são sensíveis às sugestões e buscas dos mais novos. Por incrível que pareça, nossos esforços na área do esclarecimento tem encontrado obstáculos na censura dos mais antigos, cuja liderança deveria ser assinalada pelo vigor do pensamento aberto, da dialética construtiva, da avaliação neutra de todos os temas e assuntos.
A meu ver, infelizmente, alguns estão cristalizados na rotineira cantilena com a qual pensam que ganharão o céu ou algum lugar privilegiado em colônia espiritual superior se mantiverem as coisas funcionando pelos padrões do passado.
Às vezes, Bezerra, preferem sufocar a inquietação dos mais novos do que dar-lhes espaço na discussão sadia dos te mas candentes do momento. Fora tais percalços, nossa tarefa prossegue entregue aos mecanismos divinos que, com mais ou menos rigor, garantirá a cada qual a dor necessária para a construção do caminho que nos levará às futuras alegrias.
—    Essa é a nossa tarefa, meu amigo. Não desanimemos mesmo quando alguns de nossos únicos aliados, os espíritas, pareçam ser nossos principais adversários. Talvez fosse mais correto dizer que parecem os maiores inimigos de si mesmos.
—    Concordo em gênero e grau – exclamou Sócrates, sem perder a fleuma que lhe marcava a personalidade. Não é por acaso que Jesus fala a Deus nestes termos:
Graças te rendo, meu Pai, Senhor do Céu e da Terra, por haveres ocultado estas coisas aos doutos e aos prudentes e por as teres revelado aos simples e aos pequenos. (S. Mateus, cap. XI, v. 25)
Despediram-se para prosseguir na semeadura dos diversos tipos de solo, conforme a lembrança da tradicional parábola.
Livro No Final da Última Hora, cap. 16, Espírito Lúcius – psicografia de André Luiz Ruiz.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

A bagagem da derradeira viagem


A bagagem da derradeira viagem


Todas as vezes que parte alguém para o chamado mundo espiritual, uma viagem que todos nós faremos um dia, uma pergunta nos é, geralmente, inevitável: Qual terá sido a bagagem do falecido no seu retorno à pátria verdadeira?

A mesma indagação foi formulada há pouco em seguida a uma interessante palestra em que o expositor, ao focalizar o tema morte e reencarnação, escreveu na lousa:

Morte: passagem do Espírito para a vida espiritual.
Reencarnação: passagem do Espírito para a vida terrena.
Em ambas as situações, a mesma dúvida. Qual será a bagagem do indivíduo que parte e que bagagem trará no seu retorno para uma nova existência corpórea?

O assunto parece sem importância, mas, em verdade, não o é, e tem implicações muito mais profundas na vida e no mundo em que vivemos.

Quando este texto foi redigido, a manchete dos principais periódicos referia-se ao falecimento de dois vultos importantes da sociedade brasileira, ambos bem sucedidos no campo profissional e em seus negócios. Pessoas abastadas, que bagagem terão levado em seu regresso à pátria espiritual?

A doutrina espírita, pela voz de vários dos seus instrutores desencarnados, apresenta-nos uma faceta diferente no tocante ao que entendemos por propriedade real.

Segundo essa visão, só possuímos em plena propriedade aquilo que podemos levar deste mundo. Por conseguinte, tudo que é relativo à matéria não nos pertence realmente. Trata-se de um mero empréstimo, de um depósito que, como tal, deveremos restituir ao verdadeiro dono.

Aquele que na Terra recebeu o nome de Pascal examinou esse importante tema na mensagem que adiante reproduzimos:

“O homem só possui em plena propriedade aquilo que lhe é dado levar deste mundo. Do que encontra ao chegar e deixa ao partir goza ele enquanto aqui permanece. Forçado, porém, que é a abandonar tudo isso, não tem das suas riquezas a posse real, mas, simplesmente, o usufruto. Que é então o que ele possui? Nada do que é de uso do corpo; tudo o que é de uso da alma: a inteligência, os conhecimentos, as qualidades morais. Isso é o que ele traz e leva consigo, o que ninguém lhe pode arrebatar, o que lhe será de muito mais utilidade no outro mundo do que neste. Depende dele ser mais rico ao partir do que ao chegar, visto como, do que tiver adquirido em bem, resultará a sua posição futura.

Quando alguém vai a um país distante, constitui a sua bagagem de objetos utilizáveis nesse país; não se preocupa com os que ali lhe seriam inúteis. Procedei do mesmo modo com relação à vida futura; aprovisionai-vos de tudo o de que lá vos possais servir.

Ao viajante que chega a um albergue, bom alojamento é dado, se o pode pagar. A outro, de parcos recursos, toca um menos agradável. Quanto ao que nada tenha de seu, vai dormir numa enxerga.

O mesmo sucede ao homem, à sua chegada no mundo dos Espíritos: depende dos seus haveres o lugar para onde vá. Não será, todavia, com o seu ouro que ele o pagará. Ninguém lhe perguntará: Quanto tinhas na Terra? Que posição ocupavas? Eras príncipe ou operário? Perguntar-lhe-ão: Que trazes contigo? Não se lhe avaliarão os bens, nem os títulos, mas a soma das virtudes que possua. Ora, sob esse aspecto, pode o operário ser mais rico do que o príncipe. Em vão alegará que antes de partir da Terra pagou a peso de ouro a sua entrada no outro mundo. Responder-lhe-ão: Os lugares aqui não se compram: conquistam-se por meio da prática do bem. Com a moeda terrestre, hás podido comprar campos, casas, palácios; aqui, tudo se paga com as qualidades da alma. És rico dessas qualidades? Sê bem-vindo e vai para um dos lugares da primeira categoria, onde te esperam todas as venturas. És pobre delas? Vai para um dos da última, onde serás tratado de acordo com os teus haveres." – Pascal, Genebra, 1860. (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XVI, item 9.) (Grifamos.)

Inteligência, conhecimentos, qualidades morais – eis a bagagem de quem parte e de quem vem. Ampliar essa bagagem deve ser, portanto, o nosso objetivo fundamental.

Se as novas gerações levarem a sério tais ideias, ter-se-á dado um largo passo no caminho que leva à supressão da cupidez, da avareza, da corrupção, das desigualdades sociais e de todas as formas de preconceito que existem em nosso planeta. 


A ruptura dos véus do santuário

Quando a mensagem do Cristo for exemplificada, os véus da ignorância e da crueldade serão rasgados de alto a baixo
No Evangelho de Mateus, capítulo 27, versículo 51, há o relato bem significativo da ruptura do véu do santuário que ocultava o tabernáculo com a arca da aliança, no Templo de Jerusalém, produzida pela ação de mãos invisíveis e revoltadas.
Como o envoltório era considerado sagrado, só era descerrado uma vez por ano e somente pelo sumo sacerdote. Ninguém mais poderia tocá-lo, nem mesmo o rei; contudo, seres espirituais lograram penetrar no tabernáculo e rasgaram a cortina, por conta de um fenômeno, perfeitamente explicado pela excelsa Doutrina Espírita, enquadrando-o como resultante da mediunidade de efeitos físicos. É imperioso ressaltar que, para os Espíritos terem condições de manifestação direta na matéria, há necessidade da presença da substância ectoplasmática, no caso em tela fartamente exteriorizada por Jesus, no momento glorioso de seu desenlace.
Simbolicamente, o véu Paroquete representa todas as compactas barreiras, edificadas no sentido de impedir o acesso ao conhecimento espiritual, ao verdadeiro saber que liberta os seres dos grilhões da ignorância, formados a bel-prazer pelo obscurantismo religioso e científico. Contudo, o Mestre ressaltou que a verdade seria conhecida (João 8:32) e, consequentemente, a escravidão do dogmatismo será passo a passo extinta, tornando livre toda a Humanidade.
O Espiritismo, como o “Consolador prometido por Jesus”, tem o escopo de propiciar a queda dos véus da ignorância, através da disseminação de seus princípios básicos bem estruturados e claramente definidos.
A pluralidade das existências corresponde a um conceito basilar doutrinário importantíssimo, porquanto a evolução, progresso contínuo e harmonioso de toda a Criação Divina, não poderia acontecer, em apenas uma vida física.  
Exemplificou Jesus a sobrevivência da criatura 
após o túmulo, aparecendo completamente 
materializado a Maria Madalena 
Através da palingênese, o átomo primitivo pode chegar a arcanjo, ou seja, o princípio espiritual vai aprimorando-se dentro de milênios, passando pelo vegetal, pelo reino animal, reino hominal, onde individualizado segue o caminho das estrelas sem-fim, até chegar à condição de Espírito puro, consciente eternamente de si mesmo, vivenciando completamente a felicidade e a perfeição.
O Cristo atestou a presença potencial de Deus em nós, dizendo: “Vós sois deuses” (João 10:34) e “O Reino de Deus está dentro de vós” (Lucas, 17:21). Por meio da palingenesia ou reencarnação, o ser desenvolve e exterioriza potencialidades imanentes em si. Em verdade, desde o momento de sua formação cósmica, já traz a perfeição latente nos seus refolhos mais íntimos. 
Ao mesmo tempo, a realidade da pluralidade das existências tem como corolário a certeza da sobrevivência da individualidade após o fenômeno da morte, desde que reencarnar significa nascer novamente em um outro corpo. Quem “nasce de novo” é o Espírito, revestido de um envoltório semimaterial, energético, denominado perispírito ou corpo espiritual.
Repudiando a fé cega, que obscurece o pensamento do homem que crê sem saber e onde se acredita que a sorte do Espírito já está selada após o decesso físico, o Mestre descerra os véus da ignorância, voltando do Além e revelando-nos a morte da morte.
Exemplificou Jesus a certeza da presença dos mortos, a sobrevivência da criatura após o túmulo, aparecendo completamente materializado a Maria Madalena e aos discípulos.
Enquanto algumas das religiões dogmáticas ainda pregam a localização das almas no Céu, no Purgatório ou no Inferno, outras acreditam que os Espíritos ficam adormecidos à espera da volta do Mestre.  
Os seres pré-históricos enterravam seus mortos 
junto com seus pertences, porque acreditavam
 na continuação da vida 
Em consonância com o Evangelho, pode-se afirmar que não existe a cessação da vida após a vida. Posteriormente ao fenômeno do falecimento da vestimenta de carne, permanece a vida espiritual pululante e exponencial.
Muitos setores científicos famosos e conceituados comprovaram e continuam a atestar a realidade de que os mortos vivem, bem acordados e atuantes, e que podem igualmente reencarnar, conforme pesquisas concludentes realizadas por Charles Richet, Prêmio Nobel de Medicina, em 1913; William Crookes, descobridor do tálio e Prêmio Nobel de Química (1907), uma das maiores autoridades científicas da Inglaterra em sua época; o Dr. Joseph Banks  Rhine (1930), conhecido como “O Pai da Parapsicologia”, da Universidade de Duke (USA); Dra. Elizabeth Kluber-Ross, Dr. Raymond Moody; Prof. Ian Stevenson, da Universidade de Virgínia; Dr. Morris Netherton; Dra. Edith Fiore e muitos outros.


CHEGADAS E PARTIDAS

Quando observamos, da praia, um veleiro a afastar-se da costa, navegando mar adentro, impelido pela brisa matinal, estamos diante de um espetáculo de beleza rara.
O barco, impulsionado pela força dos ventos, vai ganhando o mar azul e nos parece cada vez menor.
Não demora muito e só podemos contemplar um pequeno ponto branco na linha remota e indecisa, onde o mar e o céu se encontram.
Quem observa o veleiro sumir na linha do horizonte, certamente exclamará: Já se foi.
Terá sumido? Evaporado?
Não, certamente. Apenas o perdemos de vista.
O barco continua do mesmo tamanho e com a mesma capacidade que tinha quando estava próximo de nós.
Continua tão capaz quanto antes de levar ao porto de destino as cargas recebidas.
O veleiro não evaporou, apenas não o podemos mais ver. Mas ele continua o mesmo.
E talvez, no exato instante em que alguém diz: Já se foi, haverá outras vozes, mais além, a afirmar: Lá vem o veleiro.
Assim é a morte.
Quando o veleiro parte, levando a preciosa carga de um amor que nos foi caro e o vemos sumir na linha que separa o visível do invisível dizemos: Já se foi.
Terá sumido? Evaporado?
Não, certamente. Apenas o perdemos de vista.
O ser que amamos continua o mesmo. Sua capacidade mental não se perdeu. Suas conquistas seguem intactas, da mesma forma que quando estava ao nosso lado.
Conserva o mesmo afeto que nutria por nós. Nada se perde, a não ser o corpo físico de que não mais necessita no outro lado.
E é assim que, no mesmo instante em que dizemos: Já se foi, no mais Além, outro alguém dirá feliz: Já está chegando.
Chegou ao destino levando consigo as aquisições feitas durante a viagem terrena.
A vida jamais se interrompe nem oferece mudanças espetaculares, pois a natureza não dá saltos.
Cada um leva sua carga de vícios e virtudes, de afetos e desafetos, até que se resolva por desfazer-se do que julgar desnecessário.
A vida é feita de partidas e chegadas. De idas e vindas.
Assim, o que para uns parece ser a partida, para outros é a chegada.
Um dia partimos do mundo espiritual na direção do mundo físico; noutro partimos daqui para o espiritual, num constante ir e vir, como viajores da Imortalidade que somos todos nós.
* * *
Victor Hugo, poeta e romancista francês, que viveu no Século XIX, falou da vida e da morte dizendo:
A cada vez que morremos ganhamos mais vida. As almas passam de uma esfera para a outra sem perda da personalidade, tornando-se cada vez mais brilhante.
Eu sou uma alma. Sei bem que vou entregar à sepultura aquilo que não sou.
Quando eu descer à sepultura, poderei dizer, como tantos: Meu dia de trabalho acabou. Mas não posso dizer: minha vida acabou.
Meu dia de trabalho se iniciará de novo na manhã seguinte.
O túmulo não é um beco sem saída, é uma passagem. Fecha-se ao crepúsculo e a aurora vem abri-lo novamente.

Muito obrigado Senhor!

Senhor, muito obrigado, pelo que me deste, pelo que me dás!
pelo ar, pelo pão, pela paz!
Muito obrigado, pela beleza que meus olhos vêem no altar da natureza.
Olhos que contemplam o céu cor de anil, e se detém na terra verde, salpicada de flores em tonalidades mil!
Pela minha faculdade de ver, pelos cegos eu quero interceder, por aqueles que vivem na escuridão e tropeçam na multidão, por eles eu oro e a Ti imploro comiseração, pois eu sei que depois dessa lida, numa outra vida, eles enxergarão!
Senhor, muito obrigado pelos ouvidos meus.
Ouvidos que ouvem o tamborilar da chuva no telheiro, a melodia do vento nos ramos do salgueiro, a dor e as lágrimas que escorrem no rosto do mundo inteiro.
Ouvidos que ouvem a música do povo, que desce do morro na praça a cantar.
A melodia dos imortais que a gente ouve uma vez e não se esquece nunca mais.
Diante de minha capacidade de ouvir,
pelos surdos eu te quero pedir, pois eu sei, que depois desta dor, no teu reino de amor, eles voltarão a ouvir!
Muito obrigado Senhor, pela minha voz!
Mas também pela voz que canta, que ensina, que consola.
Pela voz que com emoção, profere uma sentida oração!
Pela minha capacidade de falar, pelos mudos eu Te quero rogar, pois eu sei que depois desta dor, no teu reino de amor, eles também cantarão!
Muito obrigado Senhor, pelas minhas mãos, mas também pelas mãos que aram, que semeiam, que agasalham.
Mãos de caridade, de solidariedade. Mãos que apertam mãos.
Mãos de poesias, de cirurgias, de sinfonias, de psicografias, mãos que numa noite fria, cuida ou lava louça numa pia.
Mãos que a beira de uma sepultura, abraça alguém com ternura, num momento de amargura.
Mãos que no seio, agasalham o filho de um corpo alheio, sem receio.
E meus pés que me levam a caminhar, sem reclamar.
Porque eu vejo na Terra amputados, deformados, aleijados...e eu posso bailar!!...
Por eles eu oro, e a ti imploro, porque eu sei que depois dessa expiação, numa outra situação,
eles também bailarão.
Por fim Senhor, muito obrigado pelo meu lar!
Pois é tão maravilhoso ter um lar...
Não importa se este lar é uma mansão, um ninho, uma casa no caminho, um bangalô, seja lá o que for!
O importante é que dentro dele exista a presença da harmonia e do amor!
O amor de mãe, de pai, de irmão, de uma companheira...
De alguém que nos dê a mão, nem que seja a presença de um cão, porque é tão doloroso viver na solidão!
Mas se eu ninguém tiver, nem um teto para me agasalhar, uma cama para eu deitar, um ombro para eu chorar, ou alguém para desabafar..., não reclamarei, não lastimarei, nem blasfemarei.
Porque eu tenho a Ti!
Então muito obrigado porque eu nasci!
E pelo teu amor, teu sacrifício, tua paixão por nós,

Muito obrigado Senhor!

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Casos Teratológicos de Idiotia e Imbecilidade – I



 
PERGUNTA: Podeis esclarecer-nos sobre se os nascimentos teratológicos são sempre consequência de um Carma pecaminoso, do passado?
 
 
RAMATIS:  Os orientais já vos ensinaram que o espírito engendra o seu Carma usando do próprio livre arbítrio que o Pai outorga a todos os seus filhos e que só é limitado quando começa a causar perturbações à coletividade ou à própria criatura no tocante à sua ventura espiritual. Deus permite que seus filhos engendrem os seus destinos até o ponto em que seus atos não perturbem a harmonia da vida em comum. Aqueles que se devotam a uma vida digna, de amor ao próximo e em harmonia com as leis espirituais, engendram para o futuro uma existência tal que os situa entre almas afeitas aos mesmos propósitos elevados e já cultivados na vida anterior. No entanto, a violência, o ódio, a desonestidade, a hipocrisia ou a crueldade, é fora de dúvida que, no futuro, se constituirão em molduras cármicas atuando constantemente na vida dos seus próprios agentes do pretérito. Inúmeras mães que atiram seus filhos nos esgotos após o criminoso aborto, engendram o terrível carma de, em outras vidas, procriarem “monstrengozinhos” repulsivos. Estes, por sua vez, também podem ser almas das criaturas que foram “fazedoras de anjos” em vidas anteriores, ou seja, abortadores profissionais e adversários da vida, apanhados pela lei de retificação espiritual, reencarnando deformados pelas próprias linhas de forças genéticas perispirituais que perturbaram no passado.
O engendramento cármico está claríssimo na advertência de Jesus, quando disse que aquilo que fosse ligado na Terra também seria ligado no espaço. Assim é que os espíritos, quanto mais se odeiam e se digladiam na trama apaixonada da vida física, mais a lei cármica os aproxima e os reúne nas vidas frituras, fazendo-os sofrer entre si os seus próprios desmandos, até que desliguem o que foi ligado na Terra.
A Lei, em seu fundamento essencial, é Amor e não ódio, e as algemas odiosas não podem ser rompidas violentamente, mas sim desatadas cordialmente pelos seus próprios autores e sob a mútua condescendência espiritual fraterna.
Ninguém no seio da vida poderá viver isolado; e muito menos se isolará dentro do ódio contra qualquer outro ser a quem considere seu adversário, pois a Lei sempre se encarregará de aproximar novamente os que se odeiam, até que, através dos recursos cármicos eficientes, consiga fazê-los se unir e se amarem. Por mais demoníaco que seja o ódio entre aqueles que se detestam, a cura definitiva está implícita na recomendação indiscutível de Jesus: “Reconcilia-te com o teu adversário enquanto estás a caminho com ele, para que não suceda que ele te entregue ao meirinho, o meirinho te entregue ao juiz e sejas mandado para a cadeia, de onde não sairás enquanto não pagares o último ceitil”. Não há outra solução para o problema do ódio, pois é de lei sideral que tudo se afinize e se ame; que os astros se harmonizem pela coesão cósmica, que as substâncias se afinizem pela combinação simpática e que os seres se unam pela reciprocidade de afeto espiritual.
 
PERGUNTA:  Qual a causa cármica que fiz nascer uma criança com duas cabeças num só corpo físico?
 
 
RAMATIS:  Tal acontecimento pode ser conseqüência de poderosa plastia mental do espírito encarnante que, tendo trucidado alguém na vida anterior, depois deixa-se atuar demasiadamente pelo remorso ou temor durante a sua permanência no mundo astral, alimentando vigorosamente a imagem de sua vitima junto à estrutura do seu perispírito. Tendo-se deixado dominar completamente pelo estigma do delito pretérito e imaginando-se incessante-mente perseguido pela sua vítima, termina por forjar outra figura aderida à região mental, e que depois irá perturbar as linhas de forças construtivas da formação do feto durante o período da gravidez. A forte modelação da imagem virtual, atuando na aglutinação molecular do corpo físico em gestação, pode dar margem ao nascimento da criança com duas cabeças, uma realmente a sede cerebral do encarnante e a outra o produto plástico das linhas de forças do pensamento conturbado pela contínua evocação da figura da vítima. Justamente devido às leis que regulam a plastia do perispírito é que os suicidas do passado renascem com os estigmas consequentes aos tipos de morte com que se trucidaram e que depois se acentuam, dando margem às suas deformidades e desditas aí no mundo físico.
Geralmente, aquele que se enforca plastifica na encarnação seguinte a figura do corcunda; o que ingere o ácido corrosivo também lesa a contraparte etérica do seu perispírito e plasma-se na carne com a laringe, o esôfago ou o estômago ulcerados; o que se apunhalou, mal consegue viver na carne futuramente, amargurando grave lesão no coração; o que se destrói pela bala no crânio retorna surdo-mudo, e aquele que se estraçalha sob os veículos ou nas quedas propositadas transita pelo mundo arrastando um corpo esfrangalhado.
Em tudo isto, é a mente do espírito que funciona vigorosa e violentamente sobre a delicadeza do perispírito, fazendo-o reviver continuamente os últimos momentos terríveis do suicídio destruidor e ativando as suas lesões, que depois serão materializadas no corpo carnal, na operação cármica do ajuste espiritual. No caso, pois, da criança com um só corpo e duas cabeças, sem quaisquer duplicatas de outros órgãos vitais que possam identificar a fisiologia distinta de dois seres, é então a poderosa plastia da mente do espírito torturado pelo medo ou pelo remorso que, ao reencarnar, modela junto a si aquela outra figura de que se imagina incessantemente perseguido.
 
Do livro: “Fisiologia Da Alma” - Ramatís/Hercílio Maes – Editora do Conhecimento.