quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Reunião espírita de jovens ou reunião de jovens que se dizem espíritas?

    Reunião espírita de jovens ou reunião de jovens que se dizem  espíritas?



No passado, havia significativa resistência ao trabalho de mocidades espíritas em diversas casas espíritas brasileiras. Motivada pela opinião de alguns confrades injustificadamente contrários a esse tipo de trabalho que eram formadores de opinião, ou por medo de um tipo de atividade muito independente das demais reuniões desenvolvidas pelo centro espírita, ou até mesmo em função de um despreparo para lidar com os jovens, a resistência ao trabalho de mocidades espíritas era comum. De fato, em uma época em que os grupos de estudos eram menos comuns e as casas espíritas, sobretudo no interior do Brasil, apresentavam grande predominância de trabalhos de palestras em suas reuniões, muitos dirigentes vetavam o trabalho de mocidades espíritas em suas casas espíritas.
O trabalho de unificação do movimento espírita, o crescimento do número de centros espíritas frequentado por jovens, o aumento do número de grupos de estudos sistematizados e não sistematizados (além das atividades de palestras) e a diversificação crescente das atividades espíritas propiciaram uma maior abertura para a criação e o desenvolvimento de grande número de mocidades espíritas, bem como de tarefas correlatas em casas espíritas que não apresentavam esse tipo de trabalho.
Obviamente, trata-se de uma conquista, uma grande vitória do Movimento Espírita, em se tratando da busca pelo aumento e principalmente pela melhoria das atividades empreendidas pela casa espírita. Entretanto, tal como ocorre com todos os demais trabalhos da Casa Espírita, a atividade das mocidades espíritas tem suas potencialidades, dificuldades, peculiaridades e riscos inerentes, os quais devem ser analisados e administrados com atenção pelos dirigentes do Movimento Espírita, semelhantemente ao que acontece com as reuniões mediúnicas de desenvolvimento e desobsessão; reuniões de evangelização da criança; trabalhos de fluidoterapia; atendimento fraterno; reuniões de palestras públicas, assistência social etc.
O papel da mocidade na formação de trabalhadores – Há, porém, um problema adicional, em se tratando de reuniões de mocidade espírita, em comparação com as demais reuniões da casa espírita, predominantemente direcionadas ao público adulto. É que, pela própria faixa etária, o trabalho de mocidade tem um papel de destaque na formação de novos trabalhadores espíritas. De fato, a evangelização infantil, com raras e especiais exceções, tem sido muito mais focada no ensino moral, e mesmo que já exista alguma ênfase em algum conteúdo doutrinário, pela própria idade do público-alvo, temos que admitir que a solidificação da assimilação dos conteúdos somente ocorrerá a partir da pré-mocidade (também conhecida como primeiro ciclo das reuniões de mocidades), que engloba pré-adolescentes com no mínimo 10 ou 11 anos.
Portanto, mesmo que se trate de jovem de família espírita, habituado ao Evangelho no Lar e que tenha passado pela evangelização espírita infantil, as reuniões de mocidades espíritas terão um papel de destaque no amadurecimento pessoal do adolescente, enquanto militante espírita. Até porque não podemos ignorar a chamada “crise da adolescência”, que, dependendo do jovem, pode gerar sérios impactos existenciais.
Dentro desse contexto, temos de lembrar que grande número de pais espíritas (e muitas vezes espíritas militantes dirigentes do movimento espírita) não consegue que seus filhos se tornem pelo menos frequentadores da casa espírita. Essa realidade, que é grave e já antiga no movimento espírita, não tem recebido esforços suficientes por parte de pais e dirigentes espíritas no sentido da busca da melhoria do respectivo panorama.
A fim de que façamos algumas reflexões a respeito da necessidade de melhorar esse quadro e das estratégias que poderiam ser desenvolvidas no movimento espírita para essa finalidade, analisemos alguns tópicos da questão.
Basicamente, existem dois pilares fundamentais que devem ser respeitados: A reunião deve ser agradável e interessante para que os jovens tenham interesse em frequentá-la mais vezes, assumindo, paulatinamente, um compromisso pessoal crescente com a casa espírita e o movimento espírita; e, principalmente, a reunião deve fornecer doutrina espírita, gerando concretamente crescimento doutrinário para os participantes.
O que não pode faltar  a um grupo de jovens – Uma reunião de mocidade espírita “cansativa”, cujos coordenadores não apresentem abordagens carismáticas com os jovens, dificilmente vai vingar, pois não terá apelo suficiente para solidificar um grupo de adolescentes, mesmo que tenha elevado conteúdo doutrinário (se tiver, talvez os mais comprometidos e idealistas se mantenham vinculados, mas o grupo não tenderá a crescer significativamente).
Por outro lado, um grupo de estudos doutrinários sólidos, porém sem nenhum carisma e sem uma abordagem minimamente interessante e motivadora para os jovens, somente captará um número mínimo de jovens, na melhor das hipóteses.
Há grupos que nascem sem nenhum dos dois pré-requisitos e estão fadados ao desinteresse e à extinção. Conforme já comentamos, há outros grupos muito doutrinários, mas sem o ambiente adequado aos jovens, não gerando o estímulo e a motivação, que são tão importantes, sobretudo, nessa faixa etária. Obviamente, existem grupos que apresentam os dois pré-requisitos e têm grandes possibilidades de sucesso sob vários ângulos da questão. Mas há, também, grupos que a pretexto de atrair os jovens, ou em função de ideias personalistas de seus dirigentes, criam dinâmicas próprias que podem ter muito apelo ao jovem e podem até manter as reuniões cheias de frequentadores por determinado tempo, mas a médio e longo prazos dificilmente vão ajudar a formar novos trabalhadores espíritas, pois não abordam o Espiritismo propriamente dito.
Evidentemente, não estamos afirmando que tais grupos não possam fornecer uma certa contribuição indireta ao movimento espírita, mas também não podemos deixar de considerar que ainda estão muito longe da proposta verdadeiramente espírita.
Em primeiro lugar, é importante que fique claro que a reunião de mocidade trata-se de uma reunião espírita predominantemente frequentada por moços (o que não exclui a eventual e muitas vezes bem-vinda presença de pessoas de maior idade) e não de uma reunião de moços que eventualmente podem ter alguma ligação com o Espiritismo.


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