quinta-feira, 1 de maio de 2014

Moral Mediúnica

Moral Mediúnica
  O fato de Kardec considerar que a Mediunidade não depende da Moral, pois se relaciona com o corpo, serviu de motivo para explorações dos inimigos gratuitos do Espiritismo, que passaram a proclamar a falta de moral no Espiritismo.

A afirmação kardeciana se confirma nas pesquisas atuais da Parapsicologia, como já se confirmara nas pesquisas da Metapsíquica. Nas experiências espíritas posteriores a Kardec também se confirmou essa distinção.

  E isso porque, como se vê rio Livro dos Médiuns, a mediunidade não é uma graça ou dom especial concedido a criaturas privilegiadas, mas uma faculdade humana como as demais.

A moral do médium determina o seu comportamento como criatura humana e regula as suas relações com os espíritos. A questão moral não surge da faculdade mediúnica, mas da sua consciência.

  Não se pode dizer que um médium entregue as práticas maldosas ou a objetivos condenáveis, contrários ao senso moral, não seja médium.

Assim como há criaturas boas e más na Terra, há espíritos maus e bons que com elas se afinam e se servem da sua mediunidade para fins maus ou bons.

  Se o médium sem moral se corrigir e passar a portar-se pelos princípios morais, passará a servir aos espíritos bons através da sua mesma mediunidade. Assim acontece com todas as faculdades humanas.

O homem pode aplicar a sua inteligência para o mal ou para o bem, mas a sua inteligência é sempre a mesma, quer atue num ou noutro campo.

 A maldade da linguagem não depende da língua, mas da mente que a usa.
 O mesmo acontece com todas as faculdades humanas.

O que gerou esse mau entendimento do ensino de Kardec foi a crença ingênua de que Deus só concede benefícios a criaturas santificadas, quando os fatos nos mostram o contrário.

▬   As criaturas:

 Más,
 Viciadas,
 E perversas...

... São as que mais recebem os benefícios de Deus, que deseja desviá-las de seus erros pela transformação da consciência e não pela força.

▬   Pois através desta a transformação seria forçada e não:

 Natural,
 Espontânea
 E verdadeira.

Deus nos corrige através de suas leis, tanto as leis naturais quanto as leis morais, que devemos conhecer os seus efeitos na própria experiência com elas.

  Na sua misericórdia, concede boas faculdades aos maus para que eles aprendam a ser bons. Se através das boas faculdades praticarem o mal, receberão a paga fatal de seus atos nas consequências da maldade praticada.

Quanto à ligação da mediunidade com o corpo, que muitos espíritas não entenderam, confundindo-a com uma suposta origem orgânica da mediunidade, trata-se de coisa muito diferente disso.

  A mediunidade está ligada ao corpo pelo espírito que a ele se liga, mas não pertence ao corpo e sim ao perispírito, que enquanto estivermos encarnados faz parte do corpo e permite a ligação do espírito comunicante com o perispírito do médium.

É o grau maior ou menor da possibilidade de expansão das energias perispirituais no corpo do médium que deter-mina a maior ou menor flexibilidade do médium na recepção das comunicações.

  Quando os espíritos dizem que a mediunidade, que a faculdade mediúnica liga-se ao organismo e independe da moral, confirmam a posição de Kardec. O perispírito controla o organismo como provaram as pesquisas soviéticas das funções do corpo bioplásmico do homem.

O moral, mais acentuadamente na língua francesa do que na portuguesa, representa o conjunto das atividades mentais e psíquicas da criatura. É evidente que a dependência orgânica da mediunidade decorre da ligação espírito-corpo, através do perispírito.

  Quando falamos, usamos o equipamento fônico do corpo para uma comunicação mental, que não é de ordem orgânica, tanto que, nas manifestações mediúnicas e nas experiências telepáticas atuais, a voz do espírito (de morto ou de vivo) identifica-se pela sua tonalidade e timbre, que o desaparecimento do aparelho vocal na morte não permitiria repetir-se.

A existência da mediunidade, determinando mudanças no comportamento dos médiuns, necessariamente dá origem à Moral Mediúnica. Sabemos que a Moral é um sistema de regras ou normas de conduta, derivadas dos costumes e das tradições de uma determinada cultura.

  Os costumes derivam, por sua vez, das necessidades de ordem e respeito humano das estruturas sociais. isso levou os materialistas a considerarem a Moral como simples mecanismo de manutenção e defesa da sociedade variando de povo para povo, não raro de maneira contraditória. Não passa de uma convenção pragmática.

Mas os estudos mais profundos de Bergson e outros mostraram que Moral e Religião são formas de projeção das exigências da consciência nas estruturas sociais.

  A negação materialista da Moral Absoluta e a negação positivista da Moral Metafísica tiveram então de enfrentar a tese bergsoniana da Moral Consciencial:

▬   A Moral existe como absoluta e metafísica nas aspirações de ordem:

 Justiça,
 Beleza
 E bondade...

... Dos anseios humanos de transcendência.

  Em sentido geral, podemos dizer que a Moral é a busca da realização do Bem na Terra. Não seria possível que uma doutrina de elevação e aprimoramento do homem, como o Espiritismo deixasse de produzir um tipo de Moral.

O aparecimento da Moral Mediúnica logo se fez sentir, orientada nos rumos superiores da Moral Cristã. Mas se esta, assim chamada, desviou-se em muitos pontos da Moral do Cristo, a Moral Mediúnica agiu no sentido de reação espiritual para o restabelecimento da Moral Evangélica.

  É sobretudo no Livro dos Espíritos e no Evangelho Segundo o Espiritismo que encontramos as leis da Moral Mediúnica. A comprovação científica da sobrevivência do homem após a morte, através da Mediunidade, mostrou a relação direta existente entre Mediunidade e Moral e, portanto, entre Espiritismo e Moral.
 

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